Quatro pessoas da mesma família estão internadas em estado grave após consumirem a Nicotiana glauca, uma planta tóxica conhecida como “falsa couve”, em Patrocínio, no Alto Parnaíba, em Minas Gerais. A intoxicação aconteceu durante uma confraternização em uma chácara na região. Uma mulher, de 37 anos, em estado ainda mais delicado, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o atendimento médico.

Além disso, uma criança de dois anos também está internada. No entanto, ela não consumiu a planta, mas seguirá em observação. A Secretaria de Saúde de Patrocínio acompanha o caso.
“Nossa equipe da Vigilância Sanitária atuou imediatamente assim que deram entrada na UPA e na Santa Casa, para que pudéssemos ofertar um cuidado de forma rápida. Infelizmente, eles ainda estão em estado grave”, afirmou a secretária de Saúde de Patrocínio”, Luciana Rocha.
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O Corpo de Bombeiros local informou que a família se mudou recentemente para a chácara e acreditava que era um pé de couve, por conta da semelhança com a hortaliça. Dessa maneira, preparou a planta refogada e serviu aos amigos no almoço, o que gerou a intoxicação.
As vítimas começaram a desenvolver os sintomas assim que comeram a planta. De acordo com os bombeiros, elas sentiram mal-estar, dormência na perna, falta de força muscular, dificuldade de respirar e visão prejudicada. Especialistas alertam que o modo de preparo influencia na gravidade da intoxicação.
A mulher que sofreu a parada cardiorrespiratória teve o quadro revertido pelos bombeiros e, assim, levada para o Pronto Socorro do município.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também entrou em ação e atendeu as vítimas de intoxicação. Após a chegada da equipe, três homens, de 49, 60 e 67 anos, também tiveram uma parada cardiorrespiratória.
Um deles foi direcionado ao Pronto Socorro, enquanto os outros dois foram encaminhados para a Santa Casa. Assim como a mulher, eles tiveram o quadro de parada revertido. Contudo, seguem em estado grave.
O que é a Nicotiana glauca ou ‘falsa couve’?
A Nicotiana glauca, conhecida popularmente como charuteira ou tabaco-arbóreo, é uma planta nativa da América do Sul, tóxica e considerada uma espécie exótica invasora em diversas regiões, incluindo o Brasil. Ela possui um alcaloide potente, a anabasina, que pode causar graves intoxicações em humanos e animais, manifestadas por sintomas como mal-estar, vômitos, diarreia, paralisia de membros inferiores e respiratória, podendo levar à parada respiratória e óbito. Embora seja utilizada ornamentalmente e tenha algum uso etnoveterinário e medicinal, sua toxicidade é alta.

Especialistas alertam que o modo de preparo também influencia na gravidade da intoxicação. Dependendo de como a “falsa couve” é consumida, seja crua ou cozida, vai alterar a quantidade de substância tóxica que a pessoa consumirá. Assim, pode levar a efeitos ainda mais graves.
Além disso, não há nenhum antídoto que possa ser administrado em casa em casos de consumo da “falsa couve”. Dessa maneira, a recomendação é procurar imediatamente atendimento médico. Afinal, quanto mais rápido for o socorro, maiores chances a pessoa tem de evitar problemas mais graves da intoxicação.
Apesar de a Nicotiana glauca ser confundida com a couve comum, existem características visuais que ajudam na identificação.
A planta tóxica possui folhas um pouco mais finas, com textura aveludada e um verde um pouco acinzentado. Por outro lado, a couve que consumimos em nossas refeições tem a folha mais grossa e nervuras bem marcadas, com um verde “mais vivo”.
Contudo, uma ao lado da outra é complicado diferenciar, dizem especialistas. Dessa forma, a recomendação é não consumir nada que não haja absoluta certeza da procedência.