O Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais (MVI) somente em 2024, de acordo com dados do Anuário de Segurança divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os números apontam uma taxa de 20,8 mortes por grupo de 100 mil habitantes, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior, quando foi de 21,9 por 100 mil. Esta é a menor taxa neste quesito desde 2012.

No primeiro ano da série (2012), a taxa nacional era de 27,7 mortes por 100 mil habitantes, com crescimento contínuo até 2017, quando atingiu 31,2 — a maior taxa já registrada. Assim, totalizando mais de 64 mil vítimas de mortes violentas em um único ano.
Naquele período, um rompimento entre as duas maiores facções criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), gerou um conflito sangrento dentro das prisões. A violência rapidamente ultrapassou os muros dos presídios, espalhando-se pelas ruas, especialmente nos estados das regiões Norte e Nordeste. Em 2017, os estados do Nordeste registraram uma taxa média de MVI de 49 por 100 mil habitantes, enquanto, no ano seguinte, a taxa na região Norte atingiu 45,4.
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Contudo, a partir de 2018, o país iniciou um ciclo virtuoso de redução das mortes violentas intencionais, especialmente dos homicídios dolosos. A taxa nacional apresenta queda quase ininterrupta desde então, com exceção do ano de 2020, que teve leve alta. Considerando o período entre 2012 e 2024, a redução acumulada chega a 25%, com quedas registradas em todas as regiões do país: no Norte, a redução foi de 21,2%; no Nordeste, de 11,4%; no Centro-Oeste, de 43,7%; no Sudeste, de 32,4%; e no Sul, de 37,2%.
Sudeste tem a menor taxa do Brasil
A violência letal manifesta-se de formas bastante diferentes entre estados e regiões. O Sudeste, por exemplo, alcançou em 2024 a menor taxa de sua série histórica, com 13,3 mortes por 100 mil habitantes. Já o Nordeste registrou 33,8 mortes por 100 mil, um índice 155% superior à média da região Sudeste.
O Rio de Janeiro registrou uma queda de 10,8 %, passando de 4.270 para 3.809 o número geral de mortes violentas. Já sua taxa caiu de 24,8 para 22,1, ainda acima do índice nacional. Por outro lado, São Paulo registrou crescimento de 7,5%, subindo de 3.480 para 3.751. Por ser o estado mais populoso do país, a taxa passou de 7,6 para 8,2 por grupo de 100 mil habitantes, ainda a mais baixa do Brasil.

No Estado de São Paulo, o aumento da letalidade foi levantado pelos latrocínios, pelas lesões corporais seguidas de morte, pelas mortes de policiais (por homicídio ou latrocínio) e pelas mortes decorrentes de intervenções policiais. Já em Minas Gerais, o crescimento concentrou-se nos homicídios dolosos e nas mortes por intervenção policial.
Apesar do crescimento da violência letal em São Paulo e Minas Gerais (Maranhão e Ceará também subiram), estes dois permanecem entre os estados com as menores taxas de MVI do país. A menor taxa foi verificada em São Paulo, com 8,2 mortes por grupo de 100 mil, seguido de Santa Catarina, com 8,5 mortes; Distrito Federal, com 8,9 mortes, Rio Grande do Sul, com 15 mortes; e Minas Gerais, com 15,1 mortes por 100 mil. Já o Rio de Janeiro, por sua vez, tem 22,1 mortes.
Por outro lado, os estados com maiores taxas de mortalidade foram Amapá (45,1 por 100 mil), Bahia (40,6), Ceará (37,5), Pernambuco (36,2) e Alagoas (35,4).
Dessa maneira, as regiões Sul e Sudeste são as que possuem as menores taxas de mortes violentas intencionais do país, ao passo que as regiões Nordeste (33,8 por 100 mil) e Norte (27,7 por 100 mil) permanecem como as mais violentas.