O impeachment é um mecanismo político-jurídico previsto na Constituição Federal que permite a destituição de um presidente da República, governadores ou outras autoridades em casos de crimes de responsabilidade. Esse processo tem sido um tema recorrente na história política brasileira, com exemplos marcantes e um impacto significativo no cenário nacional.
Leia também:
- Guia do Processo Eleitoral no Brasil: do voto ao impeachment
- Governadores do Rio presos: quais foram e por quê
- Sistema eleitoral no Brasil: como funciona e quais as regras

O que é impeachment?
A palavra tem origem no inglês e significa impedimento ou processo de acusação. No Brasil, ele está previsto no artigo 85 da Constituição Federal e na Lei 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade passíveis desse julgamento.
Segundo o jurista Pedro Serrano, “o impeachment é um mecanismo essencial para a democracia, pois permite que governantes que cometam crimes graves sejam responsabilizados. No entanto, deve ser conduzido com rigor jurídico para evitar politizações excessivas”.
Crimes que podem levar ao impeachment
De acordo com a Constituição, são considerados crimes de responsabilidade aqueles atos que atentam contra:
- A existência da União;
- O livre exercício dos Poderes;
- O cumprimento das leis;
- A segurança interna do país;
- A probidade na administração;
- A lei orçamentária;
- O cumprimento de decisões judiciais.
Como funciona o processo de impeachment no Brasil?

O impeachment segue uma tramitação complexa, que pode levar meses ou até anos. O processo contra um presidente da República ocorre da seguinte maneira:
- Denúncia e admissibilidade: Qualquer cidadão pode apresentar uma denúncia de crime de responsabilidade à Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara decide se aceita ou arquiva o pedido.
- Análise e votação na Câmara: Se aceito, o processo é analisado por uma comissão especial e depois votado pelo plenário da Câmara. Para prosseguir, é necessário o apoio de dois terços dos deputados (342 de 513 votos).
- Julgamento no Senado: Aprovado na Câmara, o Senado assume a condução do processo. Primeiro, ocorre uma votação preliminar para decidir se o presidente deve ser afastado temporariamente por até 180 dias.
- Julgamento final: Durante esse período, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) conduz o julgamento no Senado. Para a condenação e perda definitiva do cargo, são necessários dois terços dos votos (54 de 81 senadores).
Leia também:
- Educação para a cidadania: papel das escolas na formação de indivíduos conscientes
- Conselho de Direitos Humanos da ONU: o que é e o que faz
- Governadores do Rio presos: quais foram e por quê
Exemplos históricos de impeachment no Brasil
O Brasil vivenciou dois processos de impeachment presidenciais desde a redemocratização:
Fernando Collor de Mello (1992)
Collor foi o primeiro presidente brasileiro a sofrer impeachment. Ele foi acusado de corrupção passiva e improbidade administrativa, após as denúncias do seu ex-tesoureiro, Pedro Collor. Antes da votação final no Senado, Collor renunciou, mas, ainda assim, foi impedido de exercer cargos públicos por oito anos.
Dilma Rousseff (2016)

A ex-presidente Dilma foi afastada sob a acusação de cometer pedaladas fiscais, uma manobra para maquiar as contas públicas. O processo gerou intensos debates e polarização política. Dilma teve seu mandato cassado pelo Senado, mas manteve seus direitos políticos.
Impacto do impeachment no Brasil
O impeachment gera crises institucionais e abala a estabilidade política. Para o cientista político Jairo Nicolau, “o processo de impeachment deve ser conduzido de forma estritamente jurídica para evitar o risco de uso como ferramenta política”.

Medida extrema, mas necessária
O impeachment é um instrumento democrático importante, mas seu uso deve seguir rigorosos critérios jurídicos e legais. Seu impacto no Brasil demonstra que é uma medida extrema, mas necessária em casos de violações graves.
Compreender o impeachment é fundamental para acompanhar a política brasileira e exercer a cidadania de forma consciente.