O transporte público no Rio de Janeiro tem passado por diversas transformações nos últimos anos, visando aprimorar a qualidade do serviço oferecido aos passageiros. Uma das melhorias mais aguardadas é a climatização dos ônibus, que proporciona conforto em um clima tropical. No entanto, nem todos os veículos da frota contam com ar-condicionado. Este artigo explora as regulamentações relacionadas à climatização dos ônibus no Rio, os motivos pelos quais nem todos os veículos são equipados com ar-condicionado e as iniciativas em andamento para superar esses desafios.

Regulamentações municipais e estaduais
A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), tem implementado medidas para garantir a climatização dos ônibus municipais. Em julho de 2023, foi estabelecida uma resolução que determina a instalação de sensores de temperatura nos veículos até 31 de outubro daquele ano. Esses sensores monitoram a eficiência do ar-condicionado, garantindo que a temperatura interna seja reduzida em, no mínimo, 8°C em relação à temperatura externa. A SMTR considera o ar-condicionado em bom funcionamento quando a temperatura interna é igual ou inferior a 24°C.
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Além disso, em dezembro de 2024, a prefeitura iniciou a instalação desses sensores em toda a frota, com a expectativa de concluir o processo até abril de 2025. Até o final de 2024, 150 ônibus estavam equipados com os sensores, permitindo o monitoramento em tempo real da temperatura interna dos veículos. O prefeito Eduardo Paes destacou que as empresas que não cumprirem os padrões de climatização terão seus subsídios reduzidos, reforçando o compromisso com o bem-estar dos passageiros.
“Um ar-condicionado, segundo a ABNT, tem que reduzir a temperatura nos veículos em no mínimo 8°C em relação à temperatura externa. No calorão do Rio de Janeiro, com ar ligado e não dá vazão, é que está muito quente lá fora. No ônibus que abre e fecha a porta isso é um desafio maior ainda. Esse sensor permite medir a temperatura do ar que está saindo do equipamento nos ônibus”, afirmou o prefeito Eduardo Paes, em dezembro do ano passado.

O equipamento fica instalado por dentro da saída de ar dos ônibus, conectado ao computador da Jaé, novo sistema de bilhetagem da Prefeitura do Rio. Na tela, agora, será possível verificar a quantos graus Celsius está o interior do ônibus.
“A gente consegue identificar em tempo real a cada minuto a temperatura do veículo, garantindo que a manutenção do ar-condicionado esteja em dia e que a empresa oriente o motorista a deixar ligado com capacidade plena e não na ventilação, por exemplo”, afirmou Lauro Silvestre, subsecretário de Tecnologia em Transportes da Secretaria municipal de Transportes.
No âmbito estadual, o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro-RJ) publicou, em outubro de 2023, a Portaria DETRO/PRES n° 1748. Essa portaria obriga a instalação de ar-condicionado em 80% da frota de ônibus intermunicipais até 29 de dezembro de 2023, com a meta de 100% de climatização até 29 de março de 2024. Em abril do ano passado, o prazo foi estendido para 30 de novembro, permitindo que as empresas apresentassem cronogramas detalhados para a instalação dos equipamentos.
Os dados disponíveis no DataRio mostram que, em junho de 2024, o percentual de viagens feitas em ônibus sem ar-condicionado ficou na casa dos 22%, aproximadamente uma a cada quatro. Nesse quesito, o desempenho é melhor que o de antes da pandemia. Em dezembro de 2019, o percentual de viagens sem climatização era de 28%. Nos anos seguintes, o pior momento foi em maio de 2020, quando 30% das viagens foram feitas sem o equipamento.
Desafios na implementação da climatização
Apesar das regulamentações e dos prazos estabelecidos, a completa climatização da frota enfrenta desafios significativos. A necessidade de investimentos elevados para a instalação de sistemas de ar-condicionado em veículos antigos é um dos principais obstáculos. Além disso, a disponibilidade de peças e a capacitação de pessoal para a manutenção desses sistemas exigem atenção contínua.

A diversidade de modelos de ônibus na frota também contribui para a complexidade do processo. Cada modelo pode exigir especificações técnicas diferentes para a instalação dos sistemas de climatização, demandando soluções personalizadas e aumentando o custo e o tempo necessários para a adaptação.
Iniciativas em andamento e perspectivas futuras
Para superar os desafios, a Prefeitura do Rio e o Detro-RJ têm adotado medidas complementares. A instalação de sensores de temperatura é uma estratégia eficaz para monitorar a eficiência dos sistemas de ar-condicionado e assegurar que as empresas cumpram os padrões estabelecidos. A coleta de dados em tempo real permite ações corretivas imediatas e a aplicação de penalidades quando necessário.
A renovação da frota também é vista como uma solução a longo prazo. Veículos novos são mais eficientes energeticamente e apresentam menor probabilidade de falhas nos sistemas de climatização. A introdução de ônibus com tecnologias mais avançadas pode reduzir os custos operacionais e melhorar a qualidade do serviço.
Especialistas em transporte público ressaltam a importância de investimentos contínuos em infraestrutura e tecnologia para modernizar o sistema. A integração de diferentes modais de transporte, como BRTs e VLTs, também contribui para a eficiência do sistema como um todo, oferecendo alternativas aos passageiros e distribuindo a demanda de forma equilibrada.
Iniciativas mostram um esforço para atender às expectativas dos passageiros
A regulamentação da climatização dos ônibus no Rio de Janeiro é um reflexo do compromisso das autoridades municipais e estaduais em proporcionar um transporte público de qualidade. Embora desafios persistam na implementação completa da climatização, as iniciativas em andamento demonstram um esforço coordenado para superar obstáculos e atender às expectativas dos passageiros. A continuidade desses esforços, aliada à colaboração entre governo, empresas e sociedade, é essencial para a construção de um sistema de transporte público moderno e eficiente no Rio de Janeiro.