O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez uma brincadeira ao falar que as bebidas contaminadas são alcoólicas, o que não entraria em seus “hábitos corriqueiros”. Assim, em entrevista coletiva para comentar os casos de contaminação por metanol, ele afirmou: “No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”.

A declaração ocorreu quando Tarcísio citava as empresas do segmento que se mobilizaram em uma força-tarefa contra a falsificação de bebidas. De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), a adição de etanol contaminado com metanol para fabricar bebidas falsas é a principal hipótese das investigações da Polícia Civil do estado.
“Estavam aqui os fabricantes – todos os maiores fabricantes, players do Brasil, estavam na mesa. Que fabricam as bebidas mais famosas, que são objetos de fabricação, como Jack Daniel’s, Johnnie Walker. Enfim, todas essas bebidas que são objetos de falsificação. Não vou me aventurar aqui nessa área, porque não é minha praia, está certo? No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que ainda não chegaram a esse ponto”, disse o governador, que afirmou não consumir bebida alcoólica.
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Anteriormente à coletiva, Tarcísio reuniu o Gabinete de Crise montado para enfrentar o caso de intoxicação por metanol. Dessa maneira, estavam presentes integrantes das pastas de Saúde, Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Econômico, Fazenda e Planejamento.

Além de membros do governo, participaram ainda representantes do ramo de de bebidas. Entre eles: Brown-Forman (Jack Daniel’s), Bacardi, Diageo (Johnnie Walker e Smirnoff), PernordRicard (Absolut) e Beam Suntory (Jim Beam).
As grandes empresas auxiliarão o governo estadual no treinamento de agentes públicos e comerciantes para a identificação de falsificações. Agora, Tarcísio deve ter reunião com o setor de bares e restaurantes.
Além desta ação, o governo pretende endurecer as leis sobre falsificação e comercialização irregular de produtos, pedido à Justiça para a destruição dos estoques apreendidos, como bebidas sem comprovação de procedência ou adulteradas, selos falsos e garrafas, para garantir a segurança do setor e da população, e criação de um canal direto de denúncia para comerciantes que suspeitarem de irregularidades nas bebidas recebidas, permitindo que se manifestem preventivamente e evitem sanções como a cassação da inscrição estadual.
Brasil encara surto de intoxicações por metanol
O Brasil encara um surto de intoxicações por metanol, que já atinge 12 estados. Na terça-feira (30/9), a Polícia Federal começou a investigar o caso. As primeiras apurações indicam que quadrilhas especializadas em adulteração de bebidas alcoólicas serias as responsáveis pela crise. Tarcísio de Freitas, contudo, negou que tenham evidências da participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos casos.

Em todo o país, são 209 casos em investigação e 16 confirmados. Somente no Estado de São Paulo, de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, são 192 registros (14 confirmados e 178 em investigação).
O estado também lidera o número de mortes, com nove casos — dois confirmados na capital e sete sob investigação. Dos óbitos ainda apurados, quatro são na cidade de São Paulo, dois em São Bernardo do Campo, e um em Cajuru, no interior paulista.