A sigla MVCI, que representa as “Mortes Violentas por Causa Indeterminada”, tem ganhado cada vez mais destaque nos relatórios de segurança pública e nos debates sobre criminalidade no Brasil. O aumento desses registros preocupa autoridades, especialistas e a população, principalmente porque afeta diretamente a compreensão real sobre os índices de violência no país. Este tipo de morte indica situações em que o óbito apresenta características de violência, mas as investigações não foram capazes de determinar se foi homicídio, suicídio, acidente ou outra causa.
Vamos explicar em detalhes o que é o MVCI, como ele é medido, qual seu impacto para as estatísticas de segurança e que medidas estão sendo adotadas por autoridades e especialistas para mitigar esse problema. O conteúdo segue as melhores práticas de SEO e tem como palavra-chave principal “Mortes violentas por causa indeterminada”.
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O que são as Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI)?
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o MVCI é um indicador que classifica as mortes cuja natureza violenta é percebida, mas não se sabe exatamente o que ocorreu. Não se pode afirmar com precisão se foi um homicídio, suicídio, morte acidental ou lesão autoprovocada. Isso acontece por falhas no processo investigativo, desde a cena do crime até a elaboração do laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Esses óbitos acabam sendo classificados como “causa indeterminada” porque, muitas vezes, faltam informações ou condições para concluir a investigação de forma adequada. Por isso, o MVCI é considerado um dos principais desafios para a precisão das estatísticas criminais brasileiras.
Como o MVCI é medido?
A medicião do MVCI é realizada a partir da codificação de óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Quando a causa da morte é registrada como indeterminada, ela entra para as estatísticas do MVCI. O processo de codificação segue os padrões da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), especialmente os códigos do grupo Y10 a Y34, que tratam de eventos de intenção indeterminada.
O FBSP também cruza essas informações com dados de segurança pública, boletins de ocorrência, laudos periciais e registros de institutos médico-legais. Essa metodologia ajuda a identificar tendências e a construir o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma das principais fontes de dados sobre criminalidade no país.
Por que o MVCI é um problema para as estatísticas de criminalidade?
A principal preocupação com o MVCI está relacionada à subnotificação de homicídios. Quando uma morte violenta é registrada como indeterminada, ela não entra nas estatísticas oficiais de homicídios, o que compromete a elaboração de políticas públicas eficazes.
“Se não sabemos o que está matando as pessoas, como vamos prevenir essas mortes?” questiona Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. A especialista alerta que o alto número de MVCI pode mascarar uma realidade ainda mais violenta do que mostram os números oficiais.
Além disso, o MVCI dificulta o planejamento estratégico das forças de segurança. “Os órgãos de segurança dependem de dados confiáveis para atuar com precisão. Se o dado é falho, a resposta também será falha”, afirma o coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de segurança pública.
Fatores que contribuem para o aumento do MVCI
Vários fatores colaboram para o aumento das mortes violentas por causa indeterminada no Brasil:
- Falta de infraestrutura: Muitos IMLs estão sucateados ou sem peritos em quantidade suficiente, o que compromete a qualidade das autópsias.
- Falta de integração entre órgãos: A comunicação entre polícia civil, institutos de criminalística e serviços de saúde nem sempre é eficaz.
- Problemas na elaboração do boletim de ocorrência: Muitas vezes, o registro é feito com informações incompletas.
- Demora nas investigações: Investigações demoradas e inconclusivas levam ao encerramento do caso sem definição da causa da morte.
- Violência em locais remotos: Regiões distantes dificultam o acesso da perícia e a realização de exames detalhados.
Medidas para reduzir o MVCI
Para combater o problema, diversas autoridades e especialistas têm proposto estratégias que envolvem desde investimentos em infraestrutura até capacitação de profissionais.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um plano de modernização dos institutos de criminalística e medicina legal. O objetivo é padronizar os protocolos de investigação de óbitos violentos e integrar as bases de dados dos órgãos envolvidos.
Outra iniciativa é o projeto “Céu Azul”, lançado pelo Instituto Sou da Paz, que busca reclassificar mortes inicialmente indeterminadas a partir de cruzamento de dados e revisão de casos. O projeto piloto em São Paulo conseguiu reduzir em 30% o número de MVCI em regiões analisadas.
Segundo Bruno Langeani, coordenador de sistemas de justiça do Sou da Paz, é fundamental “combinar tecnologia com articulação institucional. A informação precisa circular entre os órgãos para que a verdade dos fatos venha à tona”.
O papel da imprensa e da sociedade
A imprensa tem papel fundamental ao fiscalizar os índices de MVCI e cobrar transparência das autoridades. Quanto mais visibilidade o tema ganha, maior a pressão para a implementação de medidas efetivas.
A sociedade civil também exerce função relevante na fiscalização das mortes não esclarecidas. Organizações como o Instituto Fogo Cruzado e a Anistia Internacional Brasil têm monitorado regiões críticas e publicado relatórios independentes.

Caminhos para a solução do problema
Entre as soluções propostas por especialistas, destacam-se:
- Investimento em tecnologia: Softwares de reconhecimento de padrões, cruzamento de dados e banco de DNA ajudam na elucidação de casos.
- Capacitação de profissionais: Treinamentos para peritos, delegados e agentes de segurança pública.
- Protocolos unificados de investigação: Padronização nacional do tratamento de mortes violentas.
- Fortalecimento do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP): Integração de dados e ações entre forças policiais.
Compreender o que são as mortes violentas por causa indeterminada é essencial para avançar na segurança pública no Brasil. A alta incidência de MVCI aponta falhas estruturais que precisam ser enfrentadas com urgência. O fortalecimento dos órgãos de investigação, a melhoria na coleta e análise de dados, bem como a transparência das instituições, são passos indispensáveis para reduzir a incerteza que marca esses casos.
Mais do que uma questão estatística, o MVCI é um reflexo da dificuldade em garantir às famílias das vítimas o direito à verdade e à justiça. Por isso, o tema deve continuar em pauta e mobilizar poder público, sociedade civil e imprensa na busca por soluções concretas.