O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou neste sábado (15/02/2025) que o Rio de Janeiro será a sede da reunião anual do Brics, marcada para julho próximo. Ele fez o anúncio em vídeo, acompanhado pelo prefeito Eduardo Paes, que publicou o material nas redes sociais.
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O evento, que reunira os líderes das cinco principais economias emergentes do mundo, promete ser um marco para a cooperação global e para a definição de novas estratégias geopolíticas e econômicas. Mas o que realmente significa o BRICS? Qual sua importância para os países participantes e para o equilíbrio global? E como o evento no Brasil pode impactar as relações entre essas nações?
O que é o BRICS e quais países fazem parte?
O BRICS é um bloco formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China. Um grupo de economias emergentes que ganhou relevância nas últimas décadas. Criado originalmente como BRIC em 2006, com a África do Sul se juntando em 2010, o bloco se tornou um contraponto às grandes economias ocidentais, defendendo uma multipolaridade nas relações internacionais e maior influência dos mercados emergentes no cenário global.
Em 1º de janeiro de 2024, juntaram-se ao bloco Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã. Esta é a formação que estará representada no encontro de julho próximo, no Rio.
A cooperação entre os membros vai além da economia, abrangendo áreas como segurança, tecnologia, educação e meio ambiente. Em um mundo onde as disputas comerciais e as crises financeiras impactam diretamente as economias emergentes, o BRICS surge como uma alternativa para promover o desenvolvimento conjunto e reforçar as relações Sul-Sul.
A Importância do BRICS para seus membros
Cada país do BRICS tem interesses específicos dentro do bloco. A China, por exemplo, busca consolidar sua influência global e aumentar a cooperação com parceiros estratégicos. A Rússia encontra no grupo uma oportunidade de escapar das sanções ocidentais e diversificar suas relações comerciais. A Índia aposta na tecnologia e na inovação para ampliar seu crescimento. O Brasil enxerga no BRICS uma plataforma para ampliar o comércio e atrair investimentos estrangeiros, enquanto a África do Sul busca consolidar sua posição como líder no continente africano.
Em termos econômicos, o BRICS representa mais de 40% da população mundial e aproximadamente 25% do PIB global. Além disso, o bloco criou o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), uma instituição financeira que visa oferecer crédito para projetos de infraestrutura e desenvolvimento nos países membros, reduzindo a dependência de instituições ocidentais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Desafios do BRICS
Apesar da crescente importância do grupo, o BRICS enfrenta desafios significativos. As diferenças políticas e econômicas entre seus membros muitas vezes dificultam uma integração mais profunda. As disputas fronteiriças entre China e Índia, por exemplo, são um entrave para a confiança mútua. Além disso, as sanções impostas à Rússia devido à guerra na Ucrânia criaram incertezas dentro do grupo.
Outro ponto de tensão está na estrutura econômica desigual dos membros. Enquanto a China possui uma economia fortemente industrializada e uma posição dominante no comércio global, o Brasil e a África do Sul ainda dependem de commodities, tornando suas economias vulneráveis às oscilações do mercado internacional.
Há também a questão envolvendo os novos países membros, como o Irã e sua relação com os EUA e alguns países europeus. A questão da pobreza e da miséria em um extremo e a abundância do petróleo em outro.
Relação do BRICS com os EUA e a era Donald Trump

A relação entre o BRICS e os Estados Unidos sempre foi complexa. Durante a gestão de Donald Trump (2017-2021), essa dinâmica se tornou ainda mais desafiadora. Trump adotou uma postura protecionista, promovendo tarifas e sanções comerciais que afetaram diretamente membros do BRICS, especialmente China e Brasil. O ex-presidente também minimizou o papel de organismos multilaterais, criando um vácuo de liderança global que o BRICS tentou preencher.
As políticas de “América Primeiro” de Trump contribuíram para um estreitamento dos laços entre os membros do BRICS, impulsionando acordos comerciais e iniciativas financeiras independentes do Ocidente. No entanto, também incentivaram rivalidades, como as tensões entre China e Índia, que buscaram maior aproximação com Washington para equilibrar sua relação com Pequim.
Esses “conflitos” voltaram à tona, com a reeleição de Donald Trump. Ele ameaçou o Brics, caso os países integrantes do bloco avancem com plano de abrir mão do dólar em trocas comerciais. O presidente americano disse que passaria a impor ao menos 100% de tarifas sobre importados dos integrantes do bloco se “brincarem” com a moeda americana
A Importância da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro
A escolha do Rio de Janeiro como sede do próximo encontro do BRICS reforça o protagonismo do Brasil dentro do bloco e representa uma oportunidade para o país fortalecer laços econômicos e diplomáticos. A reunião deverá abordar temas como a ampliação do grupo, a desdolarização do comércio entre os membros, a cooperação tecnológica e a segurança alimentar.
Além disso, o evento no Brasil poderá ser uma oportunidade para o presidente brasileiro consolidar sua agenda externa, buscando investimentos em infraestrutura e tecnologia, bem como negociações bilaterais com os parceiros do bloco. Com a crescente instabilidade global, o BRICS precisa mostrar unidade e capacidade de implementar medidas concretas para impulsionar suas economias e aumentar sua influência no sistema internacional.
O mundo de olho
A cúpula do BRICS no Rio de Janeiro será um momento crucial para o futuro do bloco. Enquanto os desafios são muitos, as oportunidades são ainda maiores. A reunião poderá definir novos rumos para a cooperação entre os emergentes e ampliar sua influência global. Resta saber se os países membros conseguirão superar suas diferenças e construir uma agenda comum que beneficie a todos. De qualquer forma, o mundo estará atento ao que será discutido e decidido na Cidade Maravilhosa.