Ciclones extratropicais são fenômenos meteorológicos que têm se tornado cada vez mais frequentes na Região Sul do Brasil, causando ventos fortes, chuvas intensas e até mesmo enchentes. No entanto, o Rio de Janeiro, localizado no Sudeste do país, raramente é afetado por esses eventos. Mas por que isso ocorre? Quais fatores geográficos, climáticos e atmosféricos explicam essa diferença? Dessa forma, veja as razões pelas quais o Sul do Brasil é mais suscetível à ocorrência de ciclones extratropicais, enquanto o Rio de Janeiro permanece relativamente protegido.

O que são ciclones extratropicais?
Ciclones extratropicais são sistemas de baixa pressão atmosférica que se formam fora das regiões tropicais, geralmente entre as latitudes de 30° e 60° em ambos os hemisférios. Eles se desenvolvem a partir da interação entre massas de ar quente e frio, formando frentes frias que geram instabilidade atmosférica. Esses ciclones são caracterizados por ventos fortes, chuvas intensas e uma área de baixa pressão no centro do sistema. Ao contrário dos ciclones tropicais, que se originam em regiões quentes e úmidas, os ciclones extratropicais dependem de contrastes térmicos horizontais para se desenvolverem.
Por que o Sul do Brasil é mais suscetível?
A Região Sul do Brasil, composta pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, está situada em uma área geográfica que favorece a formação de ciclones extratropicais. Essa região encontra-se entre a linha do Equador, mais quente, e o Polo Sul, mais frio, o que cria um contraste térmico ideal para o desenvolvimento desses sistemas. Além disso, a proximidade com o Oceano Atlântico Sul fornece umidade e calor, elementos essenciais para a intensificação dos ciclones.
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O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Manoel Alonso Gan, explica que “toda vez que passa uma frente fria, ela está associada a um ciclone extratropical”. Ele destaca que a diferença de temperatura e umidade entre o continente e as águas do mar próximas à costa contribui para a formação desses fenômenos.

Além disso, a região entre 30°S e 40°S, que inclui o Sul do Brasil, é conhecida por ser uma área ativa para a formação de ciclones extratropicais. A presença da Cordilheira dos Andes, com sua elevada altitude, ajuda a perturbar as correntes de jato, amplificando ondas no fluxo atmosférico e favorecendo a ciclogênese.
Por que o Rio de Janeiro é menos afetado?
O Rio de Janeiro, situado ao norte do Rio Grande do Sul, encontra-se em uma região onde as condições para a formação de ciclones extratropicais são menos favoráveis. Embora o estado possa ser impactado por frentes frias e sistemas de baixa pressão, a frequência e intensidade dos ciclones extratropicais são significativamente menores em comparação com o Sul do Brasil.
Especialistas apontam que a formação de ciclones extratropicais requer uma combinação específica de fatores atmosféricos, incluindo contrastes térmicos significativos e a presença de frentes frias bem definidas. No Rio de Janeiro, esses fatores são menos pronunciados, o que reduz a probabilidade de ocorrência desses fenômenos.
Impactos dos ciclones extratropicais no Sul do Brasil
Quando os ciclones extratropicais atingem a Região Sul, seus efeitos podem ser devastadores. Em setembro de 2023, por exemplo, um ciclone extratropical causou ventos fortes, chuvas intensas e enchentes em várias cidades do Rio Grande do Sul, resultando em 47 mortes e danos estimados em 1,3 bilhões de reais.

Esses eventos destacam a importância de monitorar e compreender os ciclones extratropicais, especialmente em uma região tão suscetível a esses fenômenos. O aumento da frequência e intensidade desses ciclones pode estar relacionado às mudanças climáticas, que alteram os padrões atmosféricos e oceânicos .
Entender alguns fatores auxilia para desenvolver estratégias de prevenção
A ocorrência de ciclones extratropicais no Sul do Brasil e a relativa ausência desses fenômenos no Rio de Janeiro podem ser explicadas por uma combinação de fatores geográficos, climáticos e atmosféricos. Enquanto o Sul do Brasil está situado em uma região propensa à formação desses ciclones, o Rio de Janeiro encontra-se em uma área onde as condições para sua formação são menos favoráveis. Entender esses fatores é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e mitigação dos impactos desses fenômenos, especialmente diante das possíveis influências das mudanças climáticas.