O próprio Papa Francisco comandou mudanças significativas nos ritos funerários papais. Seu desejo era mostrar que o funeral do pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo. Não aquele “de um poderoso deste mundo”. Foi assim que ele decretou o fim dos 3 caixões.
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Essa é considerada uma das mudanças mais notáveis do Papa na tradição do Vaticano. Ele substituiu a tradicional prática de enterrar os pontífices em 3 caixões por um único caixão de madeira revestido de zinco.
A tradição dos 3 caixões
Historicamente, os papas eram sepultados em 3 caixões interligados: um de cipreste, um de chumbo e um de carvalho. Essa prática visava preservar o corpo do pontífice e simbolizava diferentes aspectos da fé católica. O caixão de cipreste representava a simplicidade, o de chumbo garantia a vedação hermética e o de carvalho simbolizava a nobreza.
Além disso, objetos como moedas e documentos emitidos durante o pontificado eram colocados junto ao corpo, reforçando a importância histórica e espiritual do líder da Igreja Católica.
A escolha de Francisco por um funeral mais simples
Contrariando séculos de tradição, o Papa Francisco abriu mão dos 3 caixões e optou por um único de madeira com revestimento interno de zinco. Essa decisão reflete seu desejo de simplificar os ritos funerários e enfatizar sua condição de pastor e discípulo de Cristo, em vez de um líder poderoso.
O monsenhor Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, destacou que o novo rito “sublinha que o funeral do pontífice romano é o de um pastor e discípulo de Cristo, não o de um homem poderoso”.

Mudanças na exposição do corpo
Outra alteração significativa é a forma como o corpo será exposto aos fiéis. Tradicionalmente, os papas eram apresentados em uma plataforma elevada na Basílica de São Pedro, conhecida como catafalco. Francisco, no entanto, decidiu que seu corpo será colocado diretamente no caixão, com a tampa aberta, permitindo que os fiéis prestem suas homenagens de maneira mais íntima e respeitosa.
Local de sepultamento fora do Vaticano
Em mais uma quebra de tradição, o Papa Francisco expressou o desejo de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não nas grutas vaticanas sob a Basílica de São Pedro, onde estão sepultados 91 papas. A escolha reflete sua devoção à Virgem Maria e sua prática de rezar na basílica antes e depois de suas viagens apostólicas.
O último papa a ser enterrado fora do Vaticano foi Leão XIII, que morreu em 1903 e está sepultado na Basílica de São João de Latrão, também em Roma.
Simplificação dos títulos e cerimônias
As mudanças promovidas por Francisco, além dos 3 caixões, também incluem a simplificação dos títulos utilizados durante as cerimônias fúnebres. Termos como “Romano Pontífice” serão substituídos por títulos mais simples, como “papa”, “bispo de Roma” e “pastor”. Além disso, a chamada “Câmara Apostólica”, colegiado que auxiliava o cardeal camerlengo durante a Sede Vacante, foi extinta.

Reflexo de um pontificado voltado à humildade
Desde o início de seu papado, em 2013, o Papa Francisco tem buscado se afastar de rituais luxuosos e promover uma maior conexão com os fiéis. Sua decisão de viver no hotel do Vaticano, em vez do Palácio Apostólico, e o uso de veículos modestos em suas viagens são exemplos dessa postura.
As recentes mudanças nos ritos funerários reforçam esse compromisso com a simplicidade e a humildade, características que têm marcado seu pontificado.
Mudanças nas tradições
A decisão do Papa Francisco de simplificar seu funeral, abrindo mão dos 3 caixões e optando por um único de madeira, representa uma mudança significativa nas tradições da Igreja Católica. Essa escolha reflete não apenas sua visão pessoal, mas também um esforço contínuo para tornar a Igreja mais acessível e próxima dos fiéis.
Ao romper com séculos de tradição, Francisco reafirma seu compromisso com os valores cristãos de humildade e serviço, deixando um legado que certamente influenciará futuras gerações dentro da Igreja Católica.