A chegada de um filho transforma profundamente a vida de qualquer pessoa. Para pais de primeira viagem, essa transição pode ser especialmente desafiadora, repleta de dúvidas, descobertas e aprendizados diários. Desde os cuidados básicos com o recém-nascido até o equilíbrio emocional do casal, cada etapa exige preparo, paciência e, principalmente, informação de qualidade.

Veja orientações práticas, seguras e atualizadas de instituições e especialistas em pediatria, psicologia e saúde materno-infantil, para ajudar mães e pais de primeira viagem a se sentirem mais confiantes nessa nova jornada.
1. Preparação para a chegada do bebê
Planejamento e apoio profissional
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o pré-natal não deve se limitar ao acompanhamento médico da gestação. É fundamental que os futuros pais participem de cursos de preparação para o parto e cuidados com o recém-nascido, oferecidos em muitas maternidades e unidades básicas de saúde.
“A informação é um dos melhores remédios contra a ansiedade dos pais. Quando compreendemos o que esperar, conseguimos nos preparar melhor para as demandas que virão”, afirma a Dra. Ana Escobar, pediatra e professora da Faculdade de Medicina da USP.
2. Cuidados essenciais com o recém-nascido
Sono, banho, amamentação e troca de fraldas
Nos primeiros meses, as principais preocupações giram em torno da alimentação, higiene e sono do bebê. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses, o que requer dedicação e orientação adequada.
A enfermeira obstetra e consultora em amamentação, Gabriela Oliveira, alerta:
“Amamentar pode ser um processo desafiador. Muitas mães acreditam que será instintivo, mas, na prática, é comum haver dor, pega incorreta e insegurança. Ter apoio de uma equipe especializada faz toda a diferença.”
Além disso, é importante compreender a rotina de sono do recém-nascido, que ainda não distingue dia e noite. Criar um ambiente calmo e seguir uma rotina pode ajudar a estabelecer hábitos mais previsíveis.
3. A saúde emocional dos pais de primeira viagem também importa
Cuidar de quem cuida
A chegada de um bebê também exige atenção à saúde mental dos pais, especialmente da mãe, que pode estar vulnerável a quadros de tristeza ou depressão pós-parto.
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De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 1 em cada 4 mulheres desenvolve sintomas de depressão pós-parto no Brasil. Por isso, é fundamental buscar apoio psicológico e conversar com o obstetra ou pediatra ao notar sinais como apatia, irritabilidade ou sensação de inadequação.
“A rede de apoio deve ir além da ajuda com as tarefas. Ela envolve empatia, escuta e acolhimento para que os pais se sintam cuidados também”, explica o psicólogo perinatal Marcos Liberato.
4. O papel do pai e o fortalecimento da parceria
Historicamente, o cuidado com o bebê foi atribuído quase exclusivamente à mãe, mas isso está mudando. Especialistas reforçam a importância da presença ativa do pai ou parceiro(a), não apenas como ajudante, mas como protagonista na criação da criança.
Segundo a ONG Instituto Papai, envolver-se desde o início fortalece os vínculos familiares e contribui para o bem-estar da mãe e do bebê. Trocar fraldas, embalar o filho, participar das consultas pediátricas e dividir as decisões são formas práticas de exercer a paternidade.
5. Segurança e desenvolvimento nos primeiros meses
Ambiente seguro e estímulos adequados
O bebê precisa de um ambiente seguro para crescer com saúde. Itens como berço, carrinho e cadeirinha devem seguir normas do Inmetro, e o quarto precisa ser arejado, livre de fumaça e com objetos fora do alcance da criança.
No aspecto do desenvolvimento, a SBP recomenda evitar telas até os 2 anos e estimular interações humanas, como conversas, músicas e brincadeiras. Brinquedos coloridos, móbiles e atividades de contato visual ajudam na formação do vínculo e no desenvolvimento cognitivo.
6. As primeiras consultas e o calendário de vacinação
Logo após o nascimento, o bebê deve passar por consultas pediátricas regulares para acompanhar peso, altura e reflexos. Além disso, seguir o calendário vacinal do Ministério da Saúde é essencial para prevenir doenças graves como meningite, poliomielite e hepatite B.
O pediatra Dr. Daniel Becker, referência em saúde infantil, destaca:
“A vacinação é um dos pilares da medicina preventiva. A adesão dos pais ao calendário vacinal garante proteção individual e coletiva.”

7. Finanças e organização familiar
Criar um filho envolve custos, e o planejamento financeiro é um ponto muitas vezes subestimado. Despesas com fraldas, roupas, consultas, vacinas e, futuramente, creche ou escola, devem ser consideradas no orçamento familiar.
“Ter uma planilha de controle, pesquisar produtos antes de comprar e priorizar o essencial são atitudes inteligentes para os pais de primeira viagem”, orienta Nathália Rodrigues, educadora financeira e mãe de dois filhos.
Além disso, compartilhar experiências com outros pais e participar de grupos de apoio pode ser útil para trocar dicas de economia e cuidados com o bebê.
8. Informações confiáveis fazem toda a diferença
Na era da internet, é fácil se perder entre mitos, fake news e conselhos sem base científica. Por isso, é fundamental consultar fontes confiáveis, como:
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Ministério da Saúde
- Portais científicos e médicos com revisão profissional
Evite fóruns ou vídeos sem respaldo técnico. Em caso de dúvida, fale sempre com o pediatra.
Confiança e aprendizado contínuo
Ser mãe ou pai de primeira viagem é um processo de transformação constante. Não existe uma fórmula única, mas a informação, o apoio e a escuta são aliados poderosos nesse início de jornada.
Errar faz parte, assim como aprender com o dia a dia. O mais importante é estar presente, cuidar com carinho e buscar sempre o melhor para a saúde e bem-estar do seu bebê — e da família como um todo.