Nos últimos anos, as mudanças climáticas se tornaram um dos tópicos mais discutidos no mundo, afetando diretamente os ecossistemas, a biodiversidade e, consequentemente, a vida cotidiana das pessoas. O aumento das temperaturas, a intensificação dos eventos climáticos extremos e as alterações nos padrões de precipitação são apenas alguns dos muitos efeitos observados ao redor do planeta. Especialistas em clima, como os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), alertam para os impactos adversos que as mudanças climáticas já estão causando e que tendem a se intensificar no futuro. Esta matéria aborda o que são as mudanças climáticas, como elas afetam a vida das pessoas e o que podemos esperar nos próximos anos.

O que são as mudanças climáticas?
De acordo com o IPCC, as mudanças climáticas se referem a alterações de longo prazo nos padrões climáticos globais, especialmente a elevação das temperaturas médias. Esse fenômeno é impulsionado principalmente pela ação humana, que emite grandes quantidades de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxidos de nitrogênio (NOx), no ambiente. Essas substâncias retêm o calor na atmosfera, promovendo o aquecimento global e alterando os padrões climáticos naturais.
Causas das mudanças climáticas
Embora as variações naturais de clima sempre tenham ocorrido ao longo da história da Terra, a atividade humana nos últimos dois séculos tem acelerado esse processo. As principais fontes de emissões de gases de efeito estufa são:
- Queima de combustíveis fósseis: A queima de carvão, petróleo e gás natural para a geração de energia e transporte é a principal causa das emissões de CO2.
- Desmatamento: O corte de florestas e a conversão do solo para a agricultura reduzem a capacidade da Terra de absorver CO2 da atmosfera.
- Indústria e Agricultura: Setores como o de produção de cimento, petroquímicos e a agricultura, especialmente a pecuária, também emitem grandes quantidades de GEE, como o metano.
A concentração desses gases na atmosfera tem um impacto direto no aumento das temperaturas médias globais e na alteração dos padrões climáticos.
Impactos das mudanças climáticas no cotidiano
Os efeitos das mudanças climáticas são complexos e se manifestam de diversas maneiras, afetando praticamente todos os aspectos da vida cotidiana. A seguir, veremos os impactos mais relevantes para a população mundial.
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1. Aquecimento global e temperaturas extremas
O aumento das temperaturas médias é um dos principais efeitos das mudanças climáticas. Segundo o IPCC, desde o século XIX, as temperaturas globais aumentaram cerca de 1,1°C. Esse aumento pode parecer pequeno, mas ele tem efeitos significativos, como o aumento da frequência e intensidade de ondas de calor. Em 2021, as ondas de calor na Europa e na América do Norte causaram inúmeras mortes e danos à infraestrutura. No Brasil, as altas temperaturas aumentam a demanda por energia elétrica e intensificam os incêndios florestais, como os observados na Amazônia e no Cerrado.
2. Mudanças nos padrões de precipitação
A alteração nos padrões de precipitação é outro impacto importante. Enquanto algumas regiões do planeta têm experimentado chuvas mais intensas e frequentes, outras enfrentam períodos prolongados de seca. A seca prolongada é uma das principais ameaças para a agricultura, especialmente em países como o Brasil, onde grandes áreas de cultivo dependem de um regime de chuvas regular. A escassez de água, especialmente em áreas como o nordeste brasileiro, também está relacionada a esse fenômeno.
3. Aumento da frequência de desastres naturais
Com o aquecimento global, a frequência de desastres naturais, como tempestades, furacões, inundações e incêndios florestais, tem aumentado consideravelmente. O furacão Idália, por exemplo, que atingiu os Estados Unidos em 2023, teve intensidade muito maior do que as tempestades típicas da região devido ao aumento da temperatura dos oceanos. Esse aumento na intensidade dos desastres naturais afeta diretamente as populações, causando mortes, desalojamentos e danos econômicos substanciais.
4. Impactos na saúde humana
As mudanças climáticas também trazem implicações sérias para a saúde humana. As ondas de calor aumentam o risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e até mortes prematuras. A mudança nos padrões de precipitação pode afetar a qualidade da água e aumentar a incidência de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, malária e zika. A poluição do ar, intensificada pela queima de combustíveis fósseis, também é um fator relevante na emergência de doenças respiratórias, como asma e bronquite.
5. Impactos na agricultura e na alimentação
A agricultura é uma das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas. A alteração nos padrões de chuvas, o aumento da temperatura e os eventos climáticos extremos afetam as safras e a produção de alimentos. O cultivo de grãos, como milho e trigo, por exemplo, já apresenta sinais de declínio em várias partes do mundo. O impacto é mais grave em regiões que dependem da agricultura familiar e que não têm acesso a tecnologias ou condições adequadas para lidar com as mudanças climáticas.

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), até 2050, as mudanças climáticas poderão aumentar o preço global dos alimentos em até 20%, com impactos particularmente graves em países em desenvolvimento.
6. Deslocamento forçado de pessoas
Os eventos climáticos extremos, como furacões, inundações e secas, já estão forçando milhões de pessoas a deixarem suas casas. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que até 2050, cerca de 200 milhões de pessoas podem ser deslocadas devido aos efeitos das mudanças climáticas. Esse fenômeno, conhecido como migração climática, traz uma série de desafios sociais e econômicos, incluindo a escassez de recursos e o aumento de tensões políticas.
O que está sendo feito para combater as mudanças climáticas?
Vários esforços têm sido feitos a nível global, nacional e local para mitigar as mudanças climáticas. A seguir, alguns dos principais:
1. Acordo de Paris
O Acordo de Paris, firmado em 2015 durante a Conferência das Partes (COP21), foi um marco importante para os esforços de combate às mudanças climáticas. O objetivo do acordo é limitar o aquecimento global a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitá-lo a 1,5°C. Para alcançar esse objetivo, os países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e a promover o desenvolvimento de fontes de energia renovável, como solar, eólica e hidrelétrica.
2. Transição energética
A transição energética, que busca substituir as fontes de energia fóssil por fontes renováveis, é um dos principais focos das políticas climáticas. Em países como Dinamarca e Alemanha, a energia solar e eólica já representam uma parte significativa da matriz energética. O Brasil, por sua vez, tem investido no aproveitamento da energia solar, que tem se mostrado uma alternativa viável para a geração de energia de baixo impacto ambiental.
3. Adaptação e resiliência
Além da mitigação das mudanças climáticas, a adaptação é fundamental para reduzir os impactos diretos sobre as populações. Isso envolve o fortalecimento das infraestruturas para resistir a eventos climáticos extremos, como a construção de sistemas de drenagem mais eficientes em áreas propensas a inundações ou a implementação de tecnologias agrícolas resilientes.
O papel de todos na luta contra as mudanças climáticas
As mudanças climáticas exigem a ação de todos: governos, empresas e indivíduos. Cientistas e ambientalistas, como Greta Thunberg, têm sido vozes importantes na luta contra as mudanças climáticas. Greta, em sua famosa frase, “Nossa casa está pegando fogo”, alerta para a urgência de ações globais imediatas.
A conscientização e a ação local também são fundamentais. A redução do consumo de energia, a utilização de transporte público e a diminuição do desperdício de alimentos são medidas simples, mas eficazes, que todos podemos adotar no cotidiano.
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade. Seu impacto no cotidiano já é visível e tende a se intensificar nos próximos anos. A boa notícia é que, por meio de políticas públicas eficazes, transições para energias limpas e mudanças no comportamento dos indivíduos, ainda é possível mitigar os efeitos mais devastadores desse fenômeno. O que está em jogo é a qualidade de vida das futuras gerações e a preservação do nosso planeta para as próximas décadas.
A luta contra as mudanças climáticas é um esforço coletivo. Como disse Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU: “O combate às mudanças climáticas não é uma questão política, mas uma questão de sobrevivência”. O futuro depende das escolhas que fazemos hoje.