O Rio de Janeiro, conhecido por sua beleza natural e diversidade cultural, também carrega uma realidade sombria marcada por casos de violência e mortes que permanecem sem solução. Esses episódios não apenas chocam a sociedade, mas também evidenciam falhas estruturais nas instituições responsáveis pela segurança pública e justiça. A falta de respostas claras e a impunidade alimentam um ciclo de desconfiança e insegurança entre os cidadãos.
Leia também:
- Os principais desafios da segurança pública no Brasil em 2025
- A influência das redes sociais na percepção de segurança pública

1. Caso Marielle Franco
Em 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros no centro do Rio de Janeiro. Marielle, defensora dos direitos humanos e crítica das milícias, tornou-se um símbolo da luta contra a violência política. Apesar das investigações, o caso ainda carece de respostas definitivas sobre os mandantes do crime, levantando questões sobre a eficácia das investigações e a influência de grupos poderosos na política carioca.
2. Chacina do Jacarezinho
Em maio de 2021, uma operação policial no Jacarezinho resultou na morte de 27 pessoas, incluindo um policial. A ação foi considerada uma das maiores chacinas em operações policiais no Rio de Janeiro. No entanto, das 27 mortes, apenas três foram denunciadas com autoria identificada, e as investigações dos outros homicídios foram arquivadas. A falta de responsabilização levanta sérias preocupações sobre a transparência e a imparcialidade das investigações em casos envolvendo a polícia.
Leia Mais:
- Estatísticas sobre criminalidade no Brasil: análise dos índices de violência e segurança em 2025
- Como o policiamento comunitário pode ajudar a reduzir a violência nos bairros
- Impactos psicológicos da violência contra a mulher: como buscar ajuda
3. Caso Marcos Falcon
Marcos Vieira de Souza, conhecido como Marcos Falcon, presidente da escola de samba Portela e candidato a vereador, foi assassinado em setembro de 2016. O crime ocorreu em seu comitê de campanha, e as investigações apontaram duas possíveis linhas: uma disputa relacionada à exploração de caça-níqueis e outra envolvendo rivalidades políticas. Apesar das hipóteses levantadas, o caso permanece sem resolução, deixando a sociedade sem respostas sobre os reais motivos e responsáveis pelo assassinato.
4. Caso Diego Vieira Machado
Em julho de 2016, o estudante da UFRJ Diego Vieira Machado foi encontrado morto com sinais de espancamento na Ilha do Fundão. Diego, negro, gay e bolsista, havia denunciado anteriormente agressões por parte de seguranças da universidade. A principal linha de investigação apontava para um crime motivado por homofobia. Apesar das investigações iniciais, o caso não avançou significativamente, deixando dúvidas sobre a efetividade das apurações em casos de violência contra minorias.

5. Caso Ágatha Félix
Em setembro de 2019, a menina Ágatha Félix, de 8 anos, foi morta por um tiro de fuzil durante uma operação policial no Complexo do Alemão. O caso gerou comoção nacional e levou à criação da Lei Ágatha Félix, que prioriza a investigação de mortes de crianças e adolescentes. Apesar da legislação, muitos casos semelhantes ainda aguardam conclusão, evidenciando a necessidade de melhorias na apuração de crimes envolvendo vítimas menores de idade.
6. Caso Lídia Menezes
Lídia Menezes, vice-prefeita de Magé, foi assassinada em 2002, um ano após sua posse. Ela e sua companheira de chapa foram as primeiras mulheres eleitas prefeitas na história do município. O assassinato ocorreu pouco tempo após sua eleição, e as investigações não resultaram em uma resolução clara, levantando questões sobre a violência política e a proteção de líderes comunitárias.
7. Caso de crianças e adolescentes
Estudo da Defensoria Pública do Rio de Janeiro revelou que quase 10 mil inquéritos sobre mortes de crianças e adolescentes tramitam sem conclusão desde o ano 2000. A maioria desses casos envolve homicídios dolosos, muitos dos quais relacionados a confrontos policiais. A falta de resolução desses casos destaca a necessidade de priorizar investigações que envolvam menores de idade, conforme estabelecido pela Lei Ágatha Félix.
8. Caso de bala perdida
Entre 2016 e 2022, mais de mil pessoas foram vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com 229 mortes registradas. A maioria dos incidentes ocorreu durante operações policiais, levantando preocupações sobre a segurança pública e a responsabilidade das autoridades em evitar tais tragédias. A falta de responsabilização em muitos desses casos contribui para a sensação de impunidade e insegurança entre os cidadãos.

9. Caso de megachacinas
Entre 2007 e 2022, ocorreram 27 megachacinas em operações policiais no Rio de Janeiro, resultando em mais de 2,6 mil mortes. No entanto, apenas dois casos resultaram em denúncia à Justiça, e muitos permanecem sem solução. A dificuldade em responsabilizar os policiais envolvidos, aliada à falta de transparência nas investigações, perpetua a impunidade e a violência institucionalizada.
10. Caso de violência política
Entre 1988 e 2022, 94 políticos foram assassinados no Rio de Janeiro, conforme estudo do pesquisador Huri Paz. A violência política afasta minorias sociais do cenário político, por serem as principais vítimas. A falta de resolução desses casos compromete a democracia e a confiança da população nas instituições responsáveis pela segurança e justiça.
Diversos fatores auxiliam para perpetuação desse ciclo de violência
Os casos apresentados ilustram uma realidade alarmante no Rio de Janeiro, onde a violência e a morte muitas vezes permanecem sem respostas claras. A impunidade, a falta de transparência nas investigações e a morosidade do sistema judiciário contribuem para a perpetuação desse ciclo de violência. É imperativo que as autoridades adotem medidas eficazes para garantir a responsabilização dos envolvidos e restaurar a confiança da população nas instituições de segurança e justiça.