A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade caracterizado por crises repentinas de medo intenso e desespero, geralmente acompanhadas por sintomas físicos como falta de ar, palpitações, tremores e tontura. Essas crises podem ocorrer de forma inesperada e, muitas vezes, sem um gatilho aparente, impactando profundamente a qualidade de vida da pessoa.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 260 milhões de pessoas no mundo sofrem com transtornos de ansiedade, e a síndrome do pânico está entre as manifestações mais debilitantes. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que cerca de 2% a 3% da população vivencie episódios de pânico ao longo da vida.
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O que é a Síndrome do Pânico?
A síndrome do pânico é classificada como um transtorno de ansiedade generalizada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). As crises de pânico duram geralmente entre 10 e 20 minutos, mas seus efeitos podem se estender por horas. Além dos sintomas físicos, há um forte componente psicológico, com sensação de perda de controle, medo de morrer ou enlouquecer.
“O ataque de pânico é uma experiência avassaladora. Mesmo que a pessoa esteja em um local seguro, ela sente como se estivesse em perigo iminente”, explica o psiquiatra Dr. Daniel Barros, colunista da Folha de S.Paulo e membro do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Causas e fatores de risco
Não há uma causa única para o transtorno, mas sim uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade, que vivem sob estresse constante, traumas na infância ou eventos traumáticos recentes têm maior propensão a desenvolver o quadro.
Estudos de neuroimagem indicam alterações na atividade da amígdala e do hipocampo – regiões do cérebro ligadas às emoções e memórias – em pacientes com síndrome do pânico. Além disso, disfunções nos neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina também estão associadas ao transtorno.
Sintomas mais comuns
Os principais sintomas durante uma crise de pânico incluem:
- Palpitações ou batimentos cardíacos acelerados
- Sudorese excessiva
- Tremores ou estremecimentos
- Sensação de falta de ar ou sufocação
- Dor ou desconforto no peito
- Tontura, vertigem ou desmaio
- Calafrios ou ondas de calor
- Formigamento
- Sensação de irrealidade ou distanciamento
- Medo de perder o controle ou de morrer
Reconhecer esses sinais é essencial para buscar ajuda adequada e iniciar o tratamento.
Como agir durante uma crise
Durante uma crise de pânico, é importante tentar manter a calma e lembrar-se de que a sensação, embora assustadora, é passageira. Algumas estratégias incluem:
1. Respiração controlada: Inspire lentamente pelo nariz contando até 4, segure por 4 segundos e expire pela boca em 6 segundos. Isso ajuda a regular o sistema nervoso autônomo.
2. Aterramento (grounding): Técnicas como tocar objetos ao redor, dizer em voz alta o que se vê, ou sentir texturas, ajudam a pessoa a se reconectar com o presente.
3. Reestruturação cognitiva: Lembre-se de que você já passou por isso antes e sobreviveu. Frases como “isso vai passar” ou “não estou em perigo real” são úteis.
4. Buscar apoio: Se possível, entre em contato com alguém de confiança ou um profissional de saúde.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra ou psicólogo qualificado. Para isso, são utilizadas entrevistas clínicas e escalas específicas, como o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e a Escala de Severidade de Pânico (PDSS).
O tratamento pode envolver:
1. Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada a mais eficaz. Ela ajuda o paciente a identificar pensamentos disfuncionais e desenvolver ferramentas para lidar com as crises.
2. Medicamentos: Antidepressivos (como ISRSs – inibidores seletivos da recaptação de serotonina) e ansiolíticos podem ser prescritos. O uso deve ser sempre acompanhado por um médico.
3. Mudanças no estilo de vida: Atividades físicas, sono regular, alimentação balanceada, meditação e evitar substâncias como cafeína e álcool são medidas complementares importantes.
O papel da informação e da empatia
O estigma ainda é um obstáculo. Muitas pessoas evitam buscar ajuda por medo de serem julgadas. Campanhas como o Janeiro Branco, voltadas à conscientização sobre saúde mental, ajudam a promover empatia e compreensão.
A psicóloga Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes Ansiosas”, destaca: “É essencial que as pessoas entendam que transtornos mentais não são fraquezas, mas doenças que precisam de tratamento como qualquer outra”.
Prevenção e qualidade de vida
Embora nem sempre seja possível evitar o desenvolvimento da síndrome do pânico, é possível reduzir os riscos adotando algumas práticas saudáveis:
- Praticar atividades físicas regularmente
- Desenvolver uma rotina equilibrada
- Investir em momentos de lazer e relaxamento
- Estabelecer conexões sociais saudáveis
- Aprender a lidar com o estresse e buscar ajuda quando necessário
Quando buscar ajuda profissional
Se você ou alguém próximo apresentar crises frequentes, evitar lugares ou situações por medo de ter uma crise, ou se os sintomas estiverem prejudicando a rotina, é hora de buscar ajuda profissional. Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores as chances de sucesso e de retomada da qualidade de vida.

A síndrome do pânico é um transtorno sério, mas tratável. Com informação, apoio e o tratamento adequado, é possível recuperar o bem-estar emocional e viver com autonomia. Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem.
Como bem resume o psicólogo Rossandro Klinjey, conhecido por suas participações no programa Encontro com Fátima Bernardes: “Não somos o que sentimos, somos o que escolhemos fazer com o que sentimos”.