O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou na última terça-feira (30) que a Polícia Federal (PF) iniciou uma investigação para apurar o aumento de casos de intoxicação por metanol em São Paulo. Até agora, foram registrados ao menos 22 casos de possível contaminação pela substância no estado. Do total, sete confirmados e 15 em análise.

O governo de São Paulo informou na terça-feira que cinco pessoas morreram após sete casos de intoxicação por metanol no estado. Uma das mortes foi comprovadamente causada por consumo de bebida alcoólica adulterada; as outras quatro continuam sendo investigadas.
Na terça, a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária interditaram dois dos bares na capital paulista onde as vítimas teriam ingerido as bebidas adulteradas. São eles: o Torres, no bairro da Mooca, e o Ministrão, nos Jardins. Já em São Bernardo do Campo, um bar foi fechado e diversas bebidas foram encaminhadas para perícia policial.
Ricardo Lewandowski declarou que a situação é grave e que é possível que a rede de distribuição dessas bebidas contaminadas atue em outros estados do Brasil, não apenas em São Paulo.
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Aliás, o governo de Pernambuco informou, também na última terça, que investiga três casos suspeitos de intoxicação por metanol. Dois deles resultaram na morte das vítimas, enquanto a outra teve perda da visão.
As autoridades acreditam na hipótese de que os incidentes em São Paulo tenham envolvimento com o crime organizado. Assim, também entrariam na pauta da Polícia Federal.
Bar Ministrão interditado na terça em São Paulo
A ação da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária no bar Ministrão, no bairro nobre dos Jardins, apreendeu garrafas de bebidas destiladas, que serão analisadas pela Polícia Científica para averiguar possível presença de metanol.
Diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, Manoel Bernardes revelou que o bar comprou bebidas de um vendedor de rua, sem nota fiscal. O proprietário do estabelecimento, José Rodrigues, foi levado para a delegacia para prestar depoimento. Ele nega irregularidades.

“Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou. Fiquei triste que o laudo saiu hoje”.
No entanto, José Rodrigues confirmou que compra com distribuidor de rua.
“Bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos”
De acordo com a Vigilância Sanitária, o bar pode responder a processo administrativo e sofrer penalidades, que vão de multa à interdição. Por outro lado, a Polícia Civil investiga se as bebidas comercializadas no estabelecimento têm ligação com as mortes suspeitas por intoxicação por metanol em São Paulo.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu um comunicado com recomendações a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e regiões próximas. O documento é direcionado a bares, casas noturnas, restaurantes, hotéis, organizadores de eventos, mercados, atacarejos, distribuidoras, plataformas de comércio eletrônico e aplicativos de entrega.
Na nota, o ministério aconselhou atenção a itens com preços muito baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solvente e relatos de consumidores com sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência “devem ser tratados como suspeita de adulteração”.
Outros casos de intoxicação por metanol foram registrados pelo mundo
Não foi só no Brasil que tragédias ocorreram por ingestão de bebidas adulteradas por metanol. Países como Rússia, Turquia, Kuwait e Laos também relataram casos, causando dezenas de mortes e muitos casos de hospitalização.
Na Rússia, dezenas de pessoas foram contaminadas por metanol após ingerirem vodca produzida de forma ilegal. Ao menos 25 mortes foram relatadas.

Em Istambul e Ancara, na Turquia, centenas de pessoas acabaram intoxicadas por bebidas clandestinas desde o início do ano. Pelo menos 160 pessoas morreram.
No Laos, seis turistas de diferentes nacionalidades vieram a óbito após consumirem bebidas contaminadas em Vang Vieng. O incidente levou ao fechamento de fábricas suspeitas e a proibição de certas marcas de vodca e uísque locais consideradas riscos à saúde pública.