Uma das mais importantes ativistas do mundo, a sueca Greta Thunberg iniciou no sábado (1º de junho) mais uma missão humanitária. Seu objetivo: levar alimentos e suprimentos médicos à Gaza, além de chamar a atenção para o conflito na região.
Contudo, a embarcação onde ela estava com outros ativistas, incluindo o brasileiro Thiago Ávila, foi interceptada pela marinha de Israel, que “sequestrou” os 12 tripulantes.

Chamou a atenção, todavia, a camisa que Thunberg vestia ao iniciar a missão da Flotilha da Liberdade, que partiu da cidade de Catânia, na Itália, rumo à Faixa de Gaza. Ela estava com uma blusa do clube Bohemian FC, em parceria com a banda Fontaines D.C. A cena viralizou e milhares de pessoas passaram a conhecer uma equipe pouco conhecida fora da Irlanda, mas que se posiciona em pautas sociais e humanitárias.
Em dezembro de 2024, o Bohemian Football Clube, da capital Dublin, lançou uma camisa especial, com bandeira da Palestina e os dizeres “Saoirse don Phalaistín” (Palestina Livre, em irlandês) na bainha. O modelo foi desenhado pelo guitarrista Carlos O’Connell. Assim, 30% da renda obtida com a venda do uniforme foram utilizadas para custeio médico de palestinos atingidos na guerra com Israel, diretamente para a Medical Aid For Palestinians (MAP).
“Há poucas instituições no mundo que se mantêm firmes contra a opressão. O Bohemian FC é uma delas, e fazer parte disso tem sido uma honra para nós do Fontaines FC”, disse Carlos O’Connell, sobre o design da camisa.

Durante o Primavera Sound, em Barcelona, no último fim de semana, a banda manifestou-se mais uma vez contra Israel, projeando a bandeira da Palestina e frases como “Use sua voz” para uma multidão de mais de 100 mil pessoas.
O apoio irlandês à causa palestina não é de hoje. Afinal, em janeiro de 2024, mais de 200 atletas do país, como o meia Michael Darragh, assinaram uma carta pedindo o cessar-fogo imediato em Gaza. Em maio daquele ano, o Bohemians FC organizou o primeiro jogo da seleção feminina palestina na Europa, em seu estádio, o Dalymount Park.

Além disso, a causa pró-Palestina ecoa por mais locais da Europa. O Celtic, clube escocês com forte ligação com os irlandeses, também costuma utilizar grandes jogos como palco para manifestações. A torcida Green Brigade já liderou diversas campanhas, incluindo a “Mostre o cartão vermelho a Israel”.
Bohemian FC é um dos clubes mais engajados da Irlanda
Fundado em 1890, o Bohemian é um dos clubes mais antigos da Irlanda e também um dos mais engajados politicamente. Nos últimos anos, tem se posicionado com firmeza contra xenofobia, racismo e outras maneiras de discriminação. Dessa forma, a agremiação irlandesa rompe a máxima de que clubes de futebol não devem se meter na política.
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Em 2020, o Bohemian lançou uma camisa com a inscrição “Refugees Welcome”, cuja renda foi destinada para projetos de acolhimento de imigrantes e solicitantes de asilo. Em outro momento, o clube estampou o rosto de Bob Marley em uma homenagem a sua apresentação no Dalymount Park. O gesto tornou-se uma discussão sobre cultura, resistência e inclusão no esporte.
Os torcedores também se engajam em movimentos sociais locais. O Dalymount Park virou um local para eventos de conscientização e apoio a minorias. O Bohemian mantém programas de integração para jovens em situação de vulnerabilidade, além de ações educativas em escolas, unindo futebol, cidadania e direitos humanos.
Greta Thunberg é deportada e deixa Israel
Na última terça-feira (10), Greta Thunberg acusou Israel de sequestrar ela e seus colegas ativistas pró-palestinos em águas internacionais, afirmando que se negou a assinar um documento declarando que entrou ilegalmente no país antes de ser deportada.
Na área de desembarque do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, a ativista declarou que ela e sua equipe não violaram nenhuma lei e pediu a libertação dos companheiros que ainda estavam em Israel.
“Deixei bem claro em meu depoimento que fomos sequestrados em águas internacionais e trazidos contra nossa vontade para Israel”, afirmou.

Greta Thunberg, de 22 anos, chegou à capital francesa um dia após a Marinha de Israel impedir que ela e o grupo de ativistas pró-Palestina chegassem em Gaza.
Assim, forças israelenses abordaram o navio com donativos da missão humanitária quando ele se aproximava de Gaza na manhã de segunda-feira (9) e tentava ultrapassar o bloqueio naval formado há anos. Na embarcação estavam 12 tripulantes, incluindo a sueca.
Das 12 pessoas, quatro concordaram com a deportação e já deixaram Israel. As outras oito contestaram a ordem de repatriação, incluindo o brasileiro Thiago Ávila.
Depois de deixar a França, Greta Thunberg já chegou à Suécia, onde foi recebida por apoiadores que bradavam “Palestina Livre” e “Vida longa à Palestina”.
Aos jornalistas, ela pediu mais urgência no enfrentamento às injustiças globais.
“Precisamos de mais raiva quando o mundo está tão terrível. Precisamos de uma raiva que faça as pessoas agirem”, disse Greta Thunberg, em referência às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a descreveu como uma pessoa raivosa.