O estado do Rio de Janeiro tem um histórico preocupante de governadores que terminaram atrás das grades. Nos últimos anos, uma série de escândalos de corrupção revelou um esquema sistêmico de desvio de dinheiro público, envolvendo líderes políticos que ocuparam o cargo máximo do executivo estadual. Nesta matéria, você conhecerá os governadores do Rio de Janeiro que foram presos, os motivos que levaram às suas condenações e as circunstâncias de suas detenções.
Histórico de governadores do Rio de Janeiro presos
Desde a redemocratização do Brasil, o Rio de Janeiro acumula um número alarmante de ex-governadores envolvidos em escândalos de corrupção. Entre os detidos, estão nomes como Moreira Franco, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Luiz Fernando Pezão e Wilson Witzel. Confira a seguir os detalhes das prisões de cada um deles.
Moreira Franco – Propina nuclear

Sucessor de Leonel Brizola, o ex-prefeito de Niterói Moreira Franco governou o Rio de Janeiro de 1987 a 1991. Nessa lista, foi o primeiro dos governadores do Rio de Janeiro a ser preso. Foi para a cadeia em março de 2019 em um desdobramento da operação Lava Jato, a exemplo de Sérgio Cabral.
A acusação sobre Moreira Franco era de negociar o pagamento de propina, no valor de R$ 1 milhão, à Engevix em obras relativas à usina nuclear Angra 3. Permaneceu por 4 noites na cadeia e responde ao processo em liberdade.
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Sérgio Cabral – Símbolo da corrupção no Estado

De longe o maior caso de corrupção entre governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral governou o Estado entre 2007 e 2014. Foi um dos políticos mais influentes do estado. No entanto, seu nome se tornou sinônimo de corrupção ao ser acusado de liderar um esquema bilionário de desvio de recursos públicos.
Cabral foi preso em novembro de 2016 na operação Lava Jato, sendo apontado como chefe de um grupo criminoso que recebia propinas de empreiteiras em troca de contratos com o governo. As investigações mostraram que ele movimentou valores exorbitantes em propinas, comprando joias, imóveis e desfrutando de uma vida de luxo. Ao longo dos anos, ele acumulou diversas condenações que, somadas, ultrapassam 400 anos de prisão.
Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho – Prisões conturbadas

Anthony Garotinho e sua esposa, Rosinha Garotinho, governaram o Rio de Janeiro entre 1999 e 2002 e entre 2003 e 2007, respectivamente. Ambos foram alvos de diversas investigações relacionadas a crimes eleitorais e corrupção.
Garotinho foi preso pela primeira vez em 2016, acusado de usar um esquema de compra de votos nas eleições municipais de Campos dos Goytacazes. Em 2017, foi novamente detido por suspeita de operar um esquema ilícito na Secretaria de Saúde do estado.
Já Rosinha Garotinho também foi presa em 2019 por suspeita de envolvimento em desvios de contratos públicos. As prisões do casal de ex-governadores do Rio de Janeiro geraram grande repercussão, com cenas de protestos e alegações de perseguição política.
Luiz Fernando Pezão – A Queda do sucessor de Cabral

Luiz Fernando Pezão assumiu o governo do Rio de Janeiro em 2014 após a gestão de Sérgio Cabral. No entanto, sua administração também foi marcada por denúncias de corrupção.
Pezão foi preso em novembro de 2018, ainda no exercício do cargo, durante a Operação Boca de Lobo, um desdobramento da Lava Jato. As investigações apontaram que ele recebeu propinas milionárias durante seu mandato, dando continuidade ao esquema iniciado por Cabral. A prisão de um governador em pleno exercício do cargo foi um marco na política fluminense e expôs ainda mais a crise ética do estado.
Wilson Witzel – O impeachment e a prisão

Wilson Witzel foi eleito governador do Rio de Janeiro em 2018 com a promessa de combater a corrupção e renovar a política do estado. No entanto, sua trajetória foi interrompida após denúncias de irregularidades na área da saúde durante a pandemia de COVID-19.
Em agosto de 2020, ele foi afastado do cargo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, em abril de 2021, sofreu impeachment, tornando-se o primeiro governador do estado a ser destituído do cargo. Em fevereiro de 2021, Witzel foi alvo de um mandado de prisão domiciliar, acusado de desviar recursos da saúde pública durante a crise sanitária.
A Crise Sistêmica da Política no Rio de Janeiro
O alto número de governadores do Rio de Janeiro presos revela uma crise sistêmica na política local. A sucessão de escândalos e a repetição de esquemas ilícitos apontam para um problema estrutural, em que a corrupção se enraizou nas gestões públicas.
Os constantes desdobramentos de investigações, como a Lava Jato e a operação Calicute, demonstram a necessidade de reformas profundas para garantir mais transparência e fiscalização sobre os atos dos governantes. O impacto dessas prisões é sentido pela população, que vê serviços essenciais, como saúde, educação e segurança, sendo comprometidos pela má gestão e pela corrupção desenfreada.
Conclusão
Trata-se de um caso que se tornou um triste exemplo de como a corrupção pode comprometer o desenvolvimento de um estado. A prisão de sucessivos governadores do Rio de Janeiro demonstra a fragilidade das instituições políticas e a necessidade de uma renovação ética na administração pública.
Para evitar que o ciclo de corrupção continue, é essencial o fortalecimento dos órgãos de controle, maior transparência nos gastos públicos e uma atuação mais rigorosa da Justiça. A sociedade também tem um papel fundamental ao exigir mais integridade de seus governantes e acompanhar de perto a política local. Somente com mudanças estruturais será possível romper esse padrão e garantir um futuro mais promissor para o estado.