O Brasil já conta os dias para a realização da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que será realizada em Belém, em novembro. A proximidade do evento, contudo, coloca lado a lado duas realidades distintas. Afinal, há a expectativa sobre negociações e compromissos ambientais, ao compasso que a capital do Pará sofre com problemas logísticos e estruturais.

A cúpula de chefe de Estados acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro, enquanto as demais atividades ocorrem entre 10 e 21 daquele mês. Apesar de o calendário já estar definido há bastante tempo, um assunto ganhou os holofotes nos últimos dias: a disponibilidade e preço das acomodações na cidade.
O Brasil vem sendo pressionado por um grupo de países para oferecer alternativas ao que se consideram como preços abusivos de hospedagem. Além disso, há pedidos ainda para que o evento seja transferido para outra cidade, como afirmou o próprio presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. No entanto, o governo federal descartou a ideia.
“Belém é uma cidade incrível e é o lugar certo para fazer a COP30. Eu sempre manifestei isso. Então, o governo está atuando muito, de maneira muito firme, para que todos os países possam participar da COP. O presidente Lula quer que seja uma COP super inclusiva, que é o perfil do Brasil. Mas nós temos que encontrar uma maneira para que eles venham”, afirmou o presidente da COP30, na última terça-feira (5).
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Integrantes do próprio governo federal criticaram os preços cobrados por hospedagens em Belém. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, chamou de “absurdo” e “achaque” os valores.
Por outro lado, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o diálogo do Executivo nacional com o setor hoteleiro tem sido positivo. O chefe da pasta declarou ainda que todas as delegações conseguirão hospedagem a preços justos.

Belém espera receber cerca de 50 mil pessoas somente para a COP30. De acordo com os organizadores do evento, a capital paraense já conta com 53.003 mil leitos disponíveis para receber as delegações.
Na última semana, o governo disponibilizou uma plataforma com 2,7 mil quartos, além de mais 2,5 mil acomodações individuais para os 196 delegações que estarão no evento. A medida é destinada para Países Menos desenvolvidos e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.
Na próxima segunda-feira (11), está marcada uma reunião com representantes do escritório do clima das Nações Unidas. Dessa maneira, serão tratados temas como acomodação, transporte, segurança, alimentação e outros “aspectos essenciais para o sucesso da conferência”.
Calendário da COP30 divulgado
A presidência da COP30 divulgou o calendário oficial dos dias temáticos para o evento. A programação conta com mais de 30 temas propostos para que os participantes possam contribuir com soluções climáticas em áreas específicas.
Assim, a partir destas definições, governos, sociedade civil, academia, setor empresarial e filantropia podem planejar melhor a participação na COP30. A programação ocorrerá em duas áreas, chamadas Zona Azul e Zona Verde.
- Energia, Indústria e Transporte;
- Florestas, Oceanos e Biodiversidade;
- Agricultura e Sistemas Alimentares;
- Cidades, Infraestrutura e Água;
- Desenvolvimento Humano e Social; e
- Questões Transversais.
Segundo a diretora executiva da COP30, Ana Toni, a ação serve para organizar melhor a participação no evento.

“Queremos que todas as pessoas, como cientistas e estudantes, ministros e prefeitos, ativistas e artistas, vejam onde se encaixam nessa agenda e planejem se juntar a nós em Belém para uma ação coletiva”, afirmou.
“Este calendário traz clareza aos participantes e impulso ao nosso movimento. A participação é poder, todos estão convidados a fazer parte deste mutirão global”.
Veja a programação temática
- 10–11 de novembro: Adaptação, Cidades, Infraestrutura, Água, Resíduos, Governos Locais, Bioeconomia, Economia Circular e Turismo;
- 12–13 de novembro: Saúde, Empregos, Educação, Cultura, Justiça e direitos humanos, Integridade da informação e Trabalhadores. Estes dias também introduzem o Balanço Ético Global, para reforça equidade e responsabilidade moral na governança climática;
- 14–15 de novembro: Energia, Indústria, Transporte, Comércio, Finanças, Mercados de carbono e Gases não-CO₂. Pretende apoiar esforço global para triplicar a energia renovável, dobrar a eficiência energética e fazer a transição dos combustíveis fósseis de forma justa, ordenada e equitativa;
- 17–18 de novembro: Florestas, Oceanos e Biodiversidade. Destaque para povos indígenas, comunidades locais e tradicionais, crianças e juventude, pequenos e médios empreendedores;
- 19–20 de novembro: Agricultura, Sistemas alimentares e segurança alimentar, Pesca e Agricultura familiar, enquanto também enfatiza liderança de Mulheres e grupos de gênero e pessoas negras. Últimos dias temáticos se concentrarão também em Ciência, Tecnologia e Inteligência Artificial.