O Rio de Janeiro, além de sua beleza natural e efervescência cultural, é também um berço de diversidade religiosa e espiritual. Neste contexto, nomes de grandes líderes religiosos do RJ ganham destaque nacional, com atuações que transcendem as fronteiras do estado e impactam milhões de pessoas. Entre esses nomes, o do médium e filósofo espírita Divaldo Franco se sobressai como uma referência inquestionável, inspirando uma geração de líderes espirituais de diferentes crenças.
Aqui, exploramos a atuação de Divaldo e traçamos um panorama das principais lideranças religiosas do estado, passando pelo espiritismo, catolicismo, religiões de matriz africana, protestantismo, judaísmo e islamismo, entre outras expressões de fé.
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Divaldo Franco: um marco na espiritualidade brasileira
Divaldo Pereira Franco é um dos nomes mais proeminentes do espiritismo no Brasil e no mundo. Nascido na Bahia, sua influência se expandiu para o Rio de Janeiro, onde suas palestras, seminários e obras ganham forte adesão.
Fundador da Mansão do Caminho, instituição filantrópica que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, Divaldo é autor de mais de 250 livros psicografados. Segundo dados da Federação Espírita Brasileira (FEB), suas obras já venderam mais de 10 milhões de exemplares.
Para o historiador e especialista em religiões brasileiras, Dr. Rodrigo Camargo, da UFRJ, “Divaldo Franco personifica a evolução da doutrina espírita no país, com um discurso de paz, acolhimento e consciência social, sem perder o caráter científico e filosófico da proposta kardecista”.
No RJ, Divaldo tem presença constante em eventos organizados por casas espíritas como o Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Tomé e o Centro Espírita Leôn Denis, um dos mais tradicionais da capital.

Diversidade de lideranças religiosas no RJ
O Rio de Janeiro é um dos estados mais pluralistas do Brasil em termos religiosos. Dados do IBGE mostram que, embora o catolicismo ainda seja majoritário, com cerca de 45% da população, outras religiões vêm crescendo, como o espiritismo (6%), evangélicos (30%), religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda, com cerca de 2%), além de uma fatia significativa de pessoas que se dizem espiritualistas ou sem religião.
1. Dom Orani Tempesta (Igreja Católica)
O arcebispo do Rio de Janeiro é um dos principais nomes da Igreja Católica no Brasil. Ele ganhou destaque nacional ao sediar a Jornada Mundial da Juventude em 2013, com a presença do Papa Francisco. Dom Orani também é conhecido por seu trabalho de mediação entre o poder público e comunidades carentes.

2. Pai Edi de Oxum (Umbanda e Candomblé)
Reconhecido por sua atuação na Baixada Fluminense, Pai Edi de Oxum é uma das vozes mais ativas na defesa da liberdade religiosa e dos direitos humanos. É fundador do Instituto Caminhos Ancestrais, que promove educação e assistência social a partir de valores das religiões afro-brasileiras.
3. Silas Malafaia (Protestantismo/Evangélicos pentecostais)
O pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo é uma das figuras mais polêmicas e influentes do meio evangélico. Com forte atuação midiática e política, Malafaia também se posiciona sobre temas como família, sexualidade e moral.
4. Rabino Nilton Bonder (Judaísmo)
Líder da Congregação Judaica do Brasil, Bonder é autor de diversos livros que conectam espiritualidade judaica com filosofia contemporânea. Ele também é conhecido por suas palestras sobre ética e diálogo inter-religioso.
5. Sheikh Jihad Hammadeh (Islamismo)
Vice-presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas e uma das maiores referências do islamismo no Brasil, Sheikh Jihad promove o entendimento do Islã em um contexto de paz e convivência. Participa de debates públicos sobre religião e tolerância no RJ.
O papel social das lideranças religiosas
Esses líderes religiosos do RJ não apenas conduzem suas comunidades em termos espirituais, mas também têm papel relevante em ações sociais, culturais e educacionais.
A PUC-Rio, em estudo coordenado pelo professor Leonardo Boff, destaca que mais de 70% das lideranças religiosas entrevistadas no estado atuam diretamente em programas de assistência social, como distribuição de alimentos, apoio à educação de base e combate às drogas.
A atuação de Divaldo Franco na área social é um exemplo paradigmático. Em uma de suas falas no Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ), ele destacou: “A caridade não pode ser apenas um conceito filosófico; precisa se traduzir em ação direta, com empatia e responsabilidade”.

Intolerância religiosa: um desafio persistente
Apesar da riqueza espiritual e pluralidade de crenças, o Rio de Janeiro também enfrenta graves episódios de intolerância religiosa. Segundo o Disque 100, canal do Ministério dos Direitos Humanos, o RJ está entre os três estados com maior número de denúncias de crimes motivados por religião, especialmente contra praticantes de umbanda e candomblé.
Líderes como Pai Edi de Oxum e o rabino Nilton Bonder têm se posicionado firmemente contra essas violências. Em evento realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Bonder afirmou: “A convivência não se constrói na tolerância apática, mas no reconhecimento da dignidade do outro”.
O futuro da espiritualidade no RJ
A tendência de crescimento de religiões alternativas e espiritualidades desvinculadas de instituições tradicionais também tem impacto nas lideranças religiosas. A juventude busca discursos mais inclusivos, conectados com causas sociais e ambientais.
A pesquisadora Lígia César, da FGV, aponta que “a espiritualidade contemporânea exige uma liderança mais humanizada, menos hierárquica e mais dialógica. Isso se reflete nas novas comunidades espirituais que surgem no RJ, em que o papel do líder é o de facilitador de experiências significativas”.
O legado de Divaldo Franco e a atuação dos grandes líderes religiosos do RJ revelam não apenas a riqueza espiritual do estado, mas também sua complexidade social. Esses líderes exercem influência em diferentes esferas da vida pública, contribuindo para o diálogo, a assistência e a construção de uma sociedade mais plural.
Ao reconhecer e valorizar essa diversidade de vozes e trajetórias, contribui-se para o fortalecimento da liberdade religiosa e do respeito às diferenças como pilares de uma convivência civilizatória. Em tempos de polarização, olhar para exemplos como o de Divaldo Franco e tantos outros é mais do que uma necessidade: é um caminho para a paz.