Reconhecido no Brasil e no exterior por suas atuações em filmes e em séries, Wagner Moura está com sua projeção internacional em alta devido à sua interpretação como protagonista do filme
O ator brasileiro que vem ganhando maior notoriedade no cenário internacional é Wagner Moura. Sua interpretação em “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, vem rendendo prêmios e indicações, além de constantes elogios no exterior.
O filme chega ao circuito em 6 de novembro, mas teve estreia nacional em Recife e foi exibido no Festival de Cinema de Brasília, no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. No momento, estão acontecendo pré-estreias abertas para o público em diversas cidades.
Quem é Wagner Moura?
Wagner Maniçoba de Moura nasceu em Salvador, capital da Bahia, em 27 de junho de 1946. O ator iniciou sua trajetória nos palcos aos 20 anos no Grupo Pasmem, só que inicialmente fez Jornalismo e chegou a ser repórter do “Michelle Maria Entrevista”, na TV Bahia (afiliada da Rede Globo em Salvador).
Sua guinada como ator aconteceu em 2000, quando a peça “A Máquina”, de João Falcão, teve uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro. O trabalho também abriu espaço para atores como Vladimir Brichta e Lázaro Ramos. Wagner Moura chegou ao cinema por meio nos curtas “Pop Killer”, de Victor Mascarenhas, e “Rádio Gogó”, de José Araripe Júnior. Aos poucos, foi tendo papéis de destaque no cinema, televisão e séries tanto no Brasil quanto no exterior. em filmes como “Deus É Brasileiro”, “Carandiru” e “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro”. Após ganhar projeção internacional e chegar a trabalhar em filmes e séries no exterior, ele vem recebendo elogios e premiações com o destaque no exterior de “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho.
Wagner Moura no teatro
Na década de 1990, Wagner Moura havia feito peças como “A Casa de Eros” e “Abismo de Rosas”. Com o destaque em “A Máquina”, o ator ganhou espaço no eixo Rio-São Paulo ao fazer espetáculos bem-sucedidos. Dois anos depois, ele esteve no elenco de “Os Solitários”, montagem de Filipe Hirsch para texto de Nicky Silver protagonizada por Marco Nanini e Marieta Severo.
Entre 2004 e 2005, ele trabalhou em “O Que Diz Molero”, montagem de Aderbal Freire-Filho para o clássico de Dinis Machado. Wagner Moura esteve no elenco ao lado de nomes como Chico Diaz, Augusto Madeira e Ora Figueiredo. Também com Aderbal, o ator fez em seguida o texto de Marcelo Pereira “Dilúvio Em Tempos de Seca”, no qual contracenou com Giulia Gam.
No ano de 2008, Wagner Moura fez uma consagradora montagem de “Hamlet”. Dirigido por Aderbal Freire-Filho, o ator foi considerado “o Hamlet de sua geração” pela crítica. O elenco ainda trazia Tonico Pereira, Carla Ribas, Mateus Solano e Georgiana Góes.
Seu retorno aos palcos aconteceu em 2025, ao fazer a peça “O Julgamento – Um Inimigo do Povo”. A livre adaptação da peça de Henrik Ibsen vem em turnê e, entre seus destaques, está a temporada com casa cheia no CCBB Rio.
Wagner Moura na televisão
Wagner Moura fez apenas participações em seus trabalhos iniciais como ator na televisão, em programas como “A Grande Família”, “Fazendo História” e “Cena Aberta”. Além disto, no retorno de “Carga Pesada”, série protagonizada por Antônio Fagundes e Stênio Garcia, o ator fez o papel de Pedrinho, filho de Bino.
Entre 2003 e 2004, Wagner Moura esteve no elenco de “Sexo Frágil”. O humorístico semanal era derivado de um quadro do “Fantástico” intitulado “Homem Objeto” (do qual o ator também participava). “Sexo Frágil” é inspirado em textos de Luis Fernando Veríssimo.
Mais tarde, fez sua primeira novela como protagonista: “A Lua Me Disse”, de Miguel Falabella e Maria Carmen Barbosa. Wagner Moura interpretou Gustavo Bogari e contracenou com a atriz Adriana Esteves na novela na Rede Globo.
No ano de 2006, o ator teve novo momento relevante na sua trajetória na teledramaturgia na série “JK”. Coube a Wagner Moura fazer o presidente Juscelino Kubitschek, contracenando com Debora Falabella, que fazia a primeira-dama Sara Kubitschek. Na segunda fase, JK foi interpretado por José Wilker.
Seu grande momento em novelas veio em 2007. Na novela “Paraíso Tropical”, o ator teve grande reconhecimento ao interpretar o vilão Olavo. Seu personagem fazia boa dobradinha com Bebel, vivida por Camila Pitanga. A atuação na novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares fez com que Wagner Moura recebesse uma série de reconhecimentos, como o Prêmio APCA de Televisão, Troféu Imprensa eTroféu Melhores do Ano, Prêmio Quem e Prêmio Extra de Televisão.
Grandes personagens e premiações de Wagner Moura no cinema
O trabalho de Wagner Moura não demorou a ser reconhecido no cinema. O ator trabalhou com Walter Salles no elenco de “Abril Despedaçado”. Em seguida, trabalhou em “As Três Marias”, de Aluizio Abranches.
O ator ainda trabalhou com diretores de ponta posteriormente. Wagner Moura fez “Carandiru”, de Hector Babenco, no filme no qual intepretou Zico. Com Cacá Diegues, fez o papel de Taoca e atuou ao lado de Antônio Fagundes em “Deus É Brasileiro”. Também fez “O Homem do Ano”, no qual interpretou Suel no filme de José Henrique Fonseca. Sob direção de Sergio Nascimento, fez “Cidade Baixa” ao lado de Lázaro Ramos e Alice Braga.
Um de seus grandes personagens no cinema foi entregue por José Padilha em produção de 2007. Coube a Wagner Moura o papel do Capitão Nascimento. Como protagonista de “Tropa de Elite”, filme premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim, o ator brilhou como um capitão do BOPE que busca seu sucessor. O sucesso fez com que os bordões do filme chegassem ao gosto popular.
Wagner Moura recebeu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro (antigo nome do Prêmio Grande Otelo) por sua atuação.
O cineasta lançou três anos depois “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro”. A trama se passa num intervalo de 13 anos em relação ao filme anterior. Nascimento passava a ser tenente-coronel e mostrava a relação entre policiais e milicianos. No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o trabalho dirigido por José Padilha venceu nove das 16 indicações. Em uma delas, Wagner Moura foi premiado como Melhor Ator.
O ator ainda protagonizou a comédia “Saneamento Básico: O Filme”, de Jorge Furtado, que tem um elenco estelar formado por Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Bruno Garcia e Paulo José. Além disto, fez o estelionatário Marcelo Nascimento da Rocha em “VIPs”, de Toniko Melo, pelo qual venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival do Rio.
Como o cientista Zero de “O Homem do Futuro”, Wagner Moura mostrou uma versatilidade. Coube a ele cantar a música “Tempo Perdido” em dueto com Alinne Moraes. Em 2012, Wagner interpretou a música em um tributo ao Legião Urbana, junto com a formação original da banda.
Seus trabalhos posteriores também tiveram reconhecimento; por “A Busca”, recebeu prêmio de Melhor Ator no Los Angeles Brazilian Film Festival. Com “Serra Pelada”, de Heitor Dhalia, foi eleito Melhor Ator Coadjuvante do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Além disto, foi premiado como Melhor Ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por sua atuação em “Praia do Futuro”, de Karim Ainouz.
Wagner Moura no exterior
As grandes atuações de Wagner Moura abriram espaço para que ele recebesse convites do exterior. O ator esteve no elenco de “Elysium”, no qual interpretou o hacker Spider e trabalhou ao lado de Matt Damon, Jodie Foster e Alice Braga. Também trabalhou em “Wasp Network – Rede de Espiões”, filme que fala sobre espiões cubanos em territórios norte-americanos.
Em 2020, o ator foi produtor e estrelou “Sergio”, filme de Greg Baker ambientado no Iraque. Coube a Wagner Moura fazer o diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, que foi morto em um atentado terrorista em Bagdá.
Consagração de Wagner Moura por “Narcos”
Wagner Moura teve seu talento reconhecido no exterior ao assumir uma missão e tanto. O ator foi designado para protagonizar a série “Narcos”, e teve de aprender espanhol e engordar 18kg para assumir o papel de Pablo Escobar.
A série da Netflix durou três temporadas e fez com que Wagner Moura chegasse a ser indicado como Melhor Ator em Série Dramática. Jon Hamm venceu por sua atuação em “Mad Men”. O ator voltou a fazer o papel do traficante em “Narcos: México”.
Posteriormente, ele atuou na série “Iluminadas”, como o repórter Don Velázquez, e também na série “Sr. e Sra. Smith”.
Wagner Moura como diretor
Em paralelo a seu trabalho como ator (que ainda rendeu a participação em “Os 8 Magníficos”, de Domingos Oliveira), Wagner Moura apresentou sua primeira empreitada como diretor. O cineasta ficou à frente de “Marighella”.
Com Seu Jorge no papel-título e nomes como Humberto Carrão, Luiz Carlos Vasconcelos, Bruno Gagliasso, Bella Camero e Herson Capri no elenco, o filme foi marcado por uma polêmica antes de chegar ao circuito. A previsão de estrear em 2019 deu lugar a atrasos burocráticos e a uma sucessão de adiamentos, e o filme só foi para as telas em 2021.
O diretor afirmou que houve uma censura velada ao filme para tentar inviabilizá-lo. Wagner Moura ainda trabalhou em filmes no exterior como “Agente Oculto” e “Guerra Civil” e deixou sua voz em “Gato de Botas 2”.
Wagner Moura e “O Agente Secreto”: pioneirismo e… Oscar à vista?
Neste 2025, Wagner Moura voltou a ter reconhecimento no exterior em grande estilo graças ao seu trabalho em “O Agente Secreto”. No filme de Kleber Mendonça Filho, o ator interpreta o protagonista Marcelo, em trama ambientada em 1977.
Wagner Moura foi premiado com a Palma de Ouro de Melhor Interpretação no Festival de Cannes.
Ao receber o prêmio das mãos de Juliette Binoche, o ator improvisou:
No Festival de Zurique, Wagner Moura venceu o Golden Eye Award “por sua carreira e performance extraordinária em “O Agente Secreto” de Kleber Mendonça Filho”. Ele ainda recebeu o Prêmio Silver Hugo de Melhor Performance Masculina no Festival de Chicago.
Recentemente, foi indicado ao prêmio de Melhor Atuação Principal no Gotham Film Awards. Segundo o The Hollywood Reporter, Wagner Moura é cotado para concorrer ao Oscar de Melhor Ator. “O Agente Secreto” está entre os favoritos na briga por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional 2026.