O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na última quarta-feira (30) um decreto executivo que oficializa a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, o chamado tarifaço. A medida entra em vigor sete dias após a assinatura, ou seja, em 6 de agosto. No entanto, ao contrário do que muitos esperavam, 694 produtos estarão isentos da taxa anunciada. No geral, minerais, produtos energéticos, metais básicos, fertilizantes, papel e celulose, alguns produtos químicos e bens para aviação civil estarão sem a tarifação adicional.
O tarifaço poupou o carro-chefe da pauta de exportações do Rio de Janeiro: a indústria de petróleo e gás. Este segmento representa cerca de 60% do que sai do estado para os EUA, representando 40 mil empregos diretos.

Apesar da redução do impacto com as exceções do decreto norte-americano, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) manifestou preocupação com o tarifaço. Afinal, setores importantes da economia fluminense, como aço e confecção, ficaram fora da lista.
Dessa maneira, a Firjan alertou que 48 municípios do Estado exportaram para o mercado americano em 2024 e muitos deles dependem diretamente de segmentos agora taxados. A principal impactada deverá ser a Região Metropolitana.
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Uma consulta feita pela federação com sua base empresarial revelou que 60% dos empresários esperam impactos negativos a curto prazo, com destaque para queda na receita, aumento de custos operacionais e redução no volume exportado. Além disso, 42% dos entrevistados temem a necessidade de cortar postos de trabalho.
Região Metropolitana do Rio deve ser a mais afetada com o tarifaço
Dados do Panorama do Comércio Exterior do Estado do Rio de Janeiro, publicado neste mês pelo Ceperj, reforçam o peso da economia fluminense nas relações internacionais do Brasil. Em 2023, o estado exportou 45,77 bilhões de dólares — a segunda maior cifra do país, atrás apenas de São Paulo. Deste montante,

A China figura no topo do ranking de parcerias comerciais, com 38,9%, seguida pelos Estados Unidos, com 15,7%. Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos são a principal exportação: 96,55% de tudo que é enviado para fora. Na sequência, aparecem os minérios de ferro e seus concentrados, com 3,12% — setor que mais preocupa neste momento.
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é a que mais concentra exportações, somando 88,77% de tudo que o estado envia para outros países. O Norte Fluminense vem logo em seguida, com 7,61%, acompanhado de perto pelo Médio Paraíba, com 3,07%.
Apesar de as demais regiões do estado fluminense não alcançarem 1% das exportações, algumas preocupam mais por terem maior dependência dos Estados Unidos.
Por exemplo, na Costa Verde, o país de Donald Trump representa 53% das exportações, especialmente nas categorias “outras preparações e conservas de carne, miudezas ou sangue” e “chapas, folhas, películas, tiras e lâminas de plástico”.
Na Região Serrana, os norte-americanos também encabeçam o ranking, com 27,16% das exportações. Cadeados, fechaduras e ferrolhos são os principais produtos.
Os EUA também compram 51,04% de tudo que é exportado da Baixada Litorânea, com destaque para produtos como hélices, trens de pouso, fuselagens, asas, portas, freios e partes estruturais de aeronaves e espaçonaves.
O Estado é estratégico para o país nas exportações por sua geografia e estrutura. Afinal, a infraestrutura portuária, com destaque para os portos de Itaguaí, Rio de Janeiro, Angra dos Reis e o Porto do Açu, reforça a sua capacidade logística, principalmente no escoamento de cargas industriais e recursos naturais como petróleo, minério, aço e produtos químicos.