O Brasil passou a operar com uma nova fórmula de gasolina nas refinarias e distribuidoras a partir do dia 1º de agosto. Aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e com aval do governo federal, a chamada gasolina E30 contém agora 30% de etanol anidro em sua composição, acima dos 27,5% da fórmula anterior. A proporção de biodiesel no diesel também cresceu, subindo de 14% para 15%.

Os motoristas não encontrarão a nova mistura de imediato nas bombas. O estoque de combustível produzido em julho, que ainda conta com 27,5% de etanol anidro, será distribuído nos postos neste início de agosto. Logo, a nova fórmula estará disponível para consumo nas próximas semanas.
A expectativa, agora, é que o preço do litro caia R$ 0,11 nos postos, conforme projeção do governo. No entanto, essa redução pode variar dependendo da safra da cana-de-açúcar, da região e da competitividade entre os postos.
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Para aumentar o teor de etanol na gasolina, o governo federal aprovou uma nova octanagem, de 93 para 94 RON, que é o índice que mede a resistência à combustão da gasolina. De acordo com técnicos especializados no tema, o combustível fica mais eficiente e com menor risco de detonação – a chamada “batida de pino.
No caso dos chamados premium – aquele combustível mais caro -, o índice permanece em 95 RON, tendo 25% de etanol na gasolina.
O diesel também passa por alteração: o teor de biodiesel sobe de 14% para 15%. Essa mudança, porém, é vista com mais cautela pelo setor de transporte. O biodiesel aumenta a absorção de água e a chance de oxidação, podendo formar resíduos que comprometem o desempenho dos motores a diesel, especialmente os que rodam longas distâncias ou armazenam combustível por mais tempo.

O aumento do etanol foi previsto na Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024 pelo governo Lula, e tem como objetivo reduzir a dependência da gasolina importada, estimular o setor de biocombustíveis e diminuir as emissões de gases do efeito estufa.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a mudança pode evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano e gerar 1,5 bilhão de litros de demanda adicional de etanol, movimentando aproximadamente R$ 9 bilhões no setor sucroalcooleiro.
A gasolina E30 afeta os automóveis?
A gasolina R30 foi testada pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) em 16 veículos (de 1994 a 2024), incluindo modelos antigos, híbridos, turbo e com injeção direta, além de 13 motocicletas fabricadas entre 2004 e 2024. As avaliações consideraram partidas a frio, dirigibilidade, aceleração, retomada e funcionamento em temperaturas extremas.
O instituto revelou que não houve impactos significativos no desempenho nem aumento de falhas nos veículos testados. As pequenas variações analisadas foram atribuídas à idade ou manutenção dos veículos. Além disso, o IMT informou que não houve indicação de nenhuma diferença relevante nas emissões de escapamento, apesar de o etanol ter maiores ganhos ambientais no ciclo do carbono. Afinal, a cana-de-açúcar retém CO da atmosfera durante o plantio.
Proprietários dos carros flex podem verificar aumento do consumo. No entanto, a nova octanagem pode compensar com mais eficiência do motor. Este tipo de carro possui um mapeamento eletrônico mais flexível para funcionar tanto com etanol quanto gasolina. Dessa maneira, ganhar um ponto percentual de octanagem fará o motor operar melhor, funcionando a uma taxa de compressão mais favorável.

Por outro lado, os veículos antigos e importados, podem ter componentes menos adaptáveis ao etanol e sofrer os efeitos dessa mudança. Segundo especialistas, o maior percentual de etanol na mistura não gera prejuízos a automóveis modernos, mas demanda atenção de proprietários de modelos mais antigos.
Estes carros podem sofrer corrosão de alguns materiais e a oxidação de peças metálicas, pois o etanol da bomba é hidratado, ou seja, tem água na sua composição.
Uma dica apontada por especialistas é evitar gasolina com alto teor de etanol em sua composição. Para isso, recomenda-se utilizar gasolina premium. Afinal, é um combustível de alta octanagem, com 25% de álcool anidro na mistura. Assim, proporciona melhor desempenho ao veículo mais antigo e pode até deixá-lo mais eficiente. Contudo, vai doer mais no bolso do motorista, pois ela consideravelmente mais cara.