A educação financeira deixou de ser um tema restrito a especialistas e passou a ser uma necessidade urgente para milhões de brasileiros. Em um país onde 78% da população adulta enfrenta dificuldades financeiras , entender como gerir o próprio dinheiro tornou-se essencial para a estabilidade econômica e emocional das famílias.

O cenário atual: endividamento e falta de planejamento
Segundo dados da Serasa Experian, cerca de 70 milhões de brasileiros estão com dívidas em atraso. Esse número alarmante reflete não apenas crises econômicas e desemprego, mas também a falta de educação financeira. Muitos consumidores não compreendem conceitos básicos como juros compostos, prazos de pagamento e a importância de um orçamento equilibrado.
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Uma pesquisa realizada pela Fintech Onze revelou que 59% dos brasileiros não sabem como organizar o próprio orçamento . Esse desconhecimento contribui para decisões financeiras impulsivas e para a adesão a créditos com altas taxas de juros, como o rotativo do cartão de crédito, que pode ultrapassar 450% ao ano.
A importância da educação financeira
A educação financeira vai além do simples ato de economizar. Ela envolve:
- Planejamento orçamentário: ajuda a controlar receitas e despesas, evitando surpresas no fim do mês.
- Gestão de dívidas: ensina a priorizar pagamentos e a negociar condições mais favoráveis.
- Investimentos conscientes: orienta sobre as melhores opções de aplicação, conforme o perfil do investidor.
- Previdência e seguros: prepara para o futuro, garantindo segurança financeira em situações inesperadas.
Especialistas como Nathália Fernandes destacam que, em momentos de crise, o planejamento financeiro se torna ainda mais crucial. Com conhecimento, a pessoa conquista consciência, toma melhores decisões e obtém melhores resultados que afetam toda a sua vida, não apenas na esfera financeira.
“Então, desenvolver a consciência financeira é de grande valor, especialmente em momentos de instabilidade e em que precisamos rever nossos hábitos e fazer diferente para termos resultados diferentes”, destaca Nathália Fernandes, consultora financeira pessoal.
Educação financeira desde cedo
O aprendizado sobre finanças pessoais deve começar na infância. Estudos mostram que crianças que recebem orientação financeira têm mais chances de se tornar adultos financeiramente responsáveis. No Brasil, iniciativas como a Semana Nacional de Educação Financeira buscam promover esse tipo de educação nas escolas.

De acordo com Carlos Henrique Mencaci, presidente da ABRES, aprender a cuidar das finanças fará o aluno, ao chegar à vida adulta, conseguir lidar com as contas pessoais e assim viver de forma mais estável.
O papel das políticas públicas
O governo brasileiro tem reconhecido a importância da educação financeira como ferramenta para combater o endividamento e promover a cidadania financeira. Programas como o Desenrola Brasil visam renegociar dívidas de cidadãos endividados, mas também ressaltam a necessidade de políticas públicas que incluam a educação financeira como parte da formação cidadã.

Como começar a se educar financeiramente
Para quem deseja iniciar sua jornada de educação financeira, seguem algumas dicas práticas:
- Anote seus gastos: mantenha um registro diário das despesas para identificar onde é possível economizar.
- Crie um orçamento mensal: divida sua renda entre necessidades, desejos e poupança.
- Estabeleça metas financeiras: defina objetivos claros, como quitar dívidas ou economizar para uma viagem.
- Busque conhecimento: participe de cursos, leia livros e acompanhe conteúdos sobre finanças pessoais.
- Consulte especialistas: um planejador financeiro pode oferecer orientações personalizadas conforme sua situação.
Investir em educação financeira é investir no futuro
A educação financeira é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Ao entender e aplicar conceitos financeiros, cada indivíduo contribui para sua própria estabilidade e para o desenvolvimento econômico do país. Investir em educação financeira é investir no futuro.

Como ressalta o senador Rodrigo Cunha, relator do projeto Desenrola Brasil, a falta de educação financeira somada ao crédito fácil complica a situação no Brasil, onde a taxa de juros do crédito rotativo chega a 450% ao ano .
Portanto, é imperativo que a educação financeira seja incorporada não apenas como um tema escolar, mas como uma política pública eficaz para transformar a realidade econômica do país.